O desafio era tudo menos simples, mas se corresse bem podia ser a sorte grande para si e para a região do Algarve: aproveitar um fruto exótico do Mediterrâneo, que existe em profusão em terras algarvias, e transformá-lo numa experiência memorável. Assim nasceu a Carob World, uma startup que pegou na velhinha e tradicional alfarroba e a transformou em produtos premium, ricos em sabor, textura e sensações únicas. Em plena rampa de lançamento em vésperas da pandemia, não houve como travá-la e foram dois anos iniciais bem difíceis, em que contou com o apoio do Programa Operacional do Algarve, mas é agora que a Carob World está a ganhar asas, contando já ultrapassar 1 milhão de euros de faturação.
"A Carob World surgiu porque percebemos que a alfarroba é altamente versátil e permite fazer imensas coisas. No Algarve, tropeçamos na alfarroba e efetivamente não a aproveitávamos", conta João Currito (na foto), fundador e sócio-gerente da startup, que é engenheiro de formação e, na sua anterior profissão, corria o mundo, sobretudo o continente americano, de norte a sul. "Eu já conhecia muito bem a alfarroba" -, afirma o empreendedor, ou não fosse ele algarvio - "e percebi que nos Estados Unidos a alfarroba começava a ser vendida com uma superfood, como produto valorizado, e nós...", deixou cair, abanando a cabeça na entrevista por Teams, para indicar como em Portugal tantas vezes se deixam inaproveitados os recursos do país.
"A Carob World é um projeto que visa valorizar uma cadeia de valor tradicional, mas negligenciada", descreve de forma concisa João Currito. "O que fazemos bem é pegar em algo que é nosso, que é autóctone, que esteve sempre por aí, mas a que nunca ninguém ligou, e desenvolver isto, criando valor acrescentado através de uma gama de produtos premium."
Hoje a Carob World tem já quatro gamas de produtos, todos à base de alfarroba: farinha, tabletes e cremes de barrar, que funcionam como um sucedâneo do chocolate, e xarope, cremoso e tão apreciado, por exemplo, em suculentas panquecas. "E outros virão", promete.
Para lançar a startup, precisou de 1,5 milhões de euros e o capital próprio dos sócios não chegava. Foi preciso recorrer a outras fontes de financiamento e João Currito é o primeiro a reconhecer quão decisivo foi o apoio do Programa Operacional do Algarve, criado com fundos europeus e focado "na captura de valor gerado a partir de recursos endógenos" para desenvolvimento da região, como se lê no site.
Lançada em 2020, em plena pandemia, a Carob World teve dois anos iniciais complicados, mas hoje gaba-se já de ter 50% das vendas para o mercado interno e 50% para fora, dos EUA ao Japão e "com um pezinho na Austrália". "Estamos a falar de uma startup que começou do zero em pandemia", sublinha o CEO da Carob World. "Este ano, 2022, temos o objetivo de ultrapassar 1 milhão de faturação. Vai ser difícil, mas acredito, pela resposta que estamos a ter, que vai ser possível."