A subida das taxas de juro é "desejável" para arrefecer a inflação, mas há riscos evidentes neste processo, sobretudo para as empresas mais vulneráveis e para o equilíbrio financeiro da banca, avisou esta quinta-feira Mário Centeno..O governador do Banco de Portugal esteve para ir a Atenas participar na mesa redonda "26th Economist Government Roundtable", um evento organizado pelo grupo que detém a revista The Economist com o apoio das representações gregas da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu. O objetivo é a debater os temas económicos mais atuais..Centeno disse que "por razões que estão fora do meu controlo" não pode estar presencialmente. Em alternativa, enviou a Atenas uma mensagem de aviso à navegação..O ex-ministro das Finanças português disse que "um ciclo de aumentos das taxas de juro é desejável, mas acarreta riscos que devem ser mitigados".."Os maiores encargos para os endividados levam a um aumento do risco de crédito, especialmente para as empresas mais vulneráveis". E não só. Centeno alerta que "o setor bancário deve ter isto incorporado nos seus modelos de negócio e nas margens de incumprimento"..O governador acredita que "as lições do passado foram bem aprendidas" pelo que "vemos hoje um nível de cautela desejável no setor bancário"..Centeno espera que "no curto prazo, o aumento das taxas de juro irá melhorar o rendimento líquido de juros dos bancos"..E que no médio prazo, "uma maior acumulação de receitas de juros líquidos operacionais possa mais do que compensar os impactos negativos do risco de mercado e das imparidades do risco de crédito"..Assim, "de um modo geral, há melhores perspetivas para o setor bancário"..No entanto, o médio prazo traz outros desafios para a banca. Centeno destacou "a ciber-segurança e a transição climática".."Os riscos cibernéticos e os relacionados com o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo são de particular importância no atual ambiente geopolítico" pelo que os bancos "precisam de reforçar investimentos para promover a sua resiliência operacional" face a estes novos riscos, considerou o banqueiro central.