Clubes da Premier League vão investir nos estádios

Os recinto românticos já não cabem num negócio de triliões. Até o manchester United, dono das maiores assistências, projeta uma rena moderna que se pague a sis mesma.
Stretford End, Old Trafford, estádio do Manchester United, clube com uma das maiores assistências da Europa.
Foto: Wikimedia Commons
Stretford End, Old Trafford, estádio do Manchester United, clube com uma das maiores assistências da Europa. Foto: Wikimedia Commons
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Quem fosse a Kenilworth Road, o estádio do Luton Town, clube que participou na Premier League de 2023/24, deveria ter cuidado para não pisar os canteiros de flores da moradora da casa ao lado do recinto. Caso o jogo se disputasse cedo (ou tarde) demais, seria recomendável não fazer barulho excessivo para não incomodar os vizinhos. Parte desses vizinhos, porém, fãs incondicionais dos The Hatters, conseguiam pela janelinha da casa de banho ou por uma nesga da varanda, ver os jogos do clube de borla e, no caso de terem boa voz, animar os atletas da casa ou ofender os jogadores rivais e o árbitro.

Convenhamos que este tipo de estádio, por mais pitoresco que seja, já não se coaduna com a liga mais rica do mundo, o negócio que movimenta triliões de libras ou dólares ou euros, dependendo de quem faça as contas. Por isso, não só o Luton, entretanto de volta à divisão secundária, foi obrigado a fazer obras em Kenilworth como outros clubes sentiram necessidade, ao longo das últimas décadas, de reformar ou mudar mesmo de casa - o Arsenal abandonou o mítico, mas entalado entre prédios residenciais, Highbury, sua sede de 1913 a 2006, e construiu o Emirates Stadium; o Manchester City trocou o Maine Road, sua casa de 1923 a 2003, pelo Ettihad Stadium, entre outras mudanças de localização e de denominação.

A moda, entretanto, vai continuar. Ou aumentar, diz o Financial Times. Os clubes da Premier League querem restringir, segundo o jornal económico com sede em Londres, “a dependência das receitas de televisão e de patrocínio” e “colher os benefícios do aumento dos preços dos bilhetes e de outras receitas adjacentes ao melhorarem as estruturas dos estádios”.

No total, estima o jornal, os clubes deverão aumentar, ao longo da próxima década, a capacidade dos recintos em 115 mil lugares, afastando-se cada vez mais dos 12 mil lugares apertadinhos de Kenilworth e de outros últimos redutos do romantismo do desporto inventado no país no século 19. Esses 115 mil lugares sentados - e cada vez mais confortáveis, claro - significam um aumento de 14% na capacidade atual dos estádios.

Alguns projetos “ainda estão na fase inicial”, diz a reportagem, assinada por Samuel Agini, “porque dependem de complexas negociações com autoridades municipais e não só”. Porém, à medida que forem aprovados os primeiros esboços, como bola de neve, outros os seguirão, num movimento imparável.
Os executivos dos clubes acreditam que com os lucros que advêm de mais lugares em bancadas cada vez mais sofisticadas e, por isso, mais caras, os clubes atrairão com ainda mais facilidade jogadores e treinadores de topo à Premier League.

No top 5 de clubes com maiores assistências na Europa só um, o Manchester United, joga a Premier League, segundo o site Transfermarkt - e o próprio United já projeta aumentar Old Trafford dos atuais 74 310 lugares para 100 mil por cerca de dois mil milhões de libras.
O líder da lista é o Borussia Dortmund, com 81 305 de média, seguido do Bayern, dos citados Red Devils, do Inter e do Real Madrid. No top 10, mais dois clubes italianos, um alemão e os ingleses West Ham e Tottenham, ambos recém-mudados para o London Stadium e o Tottenham Stadium. No ranking, a Luz é 16ª, Alvalade, 40º e o Dragão, 49º. 
Em Inglaterra há espaço, tem de haver, para melhorar. 

NÚMEROS

81 305
Média de adeptos que o recordista europeu Borussia Dortmund recebe em casa.

115 000
Quantidade de lugares a mais nos estádios que a Premier League deve oferecer na próxima década.

2
Número em milhares de milhões de libras que deve custar o projeto de reformulação de Old Trafford.

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