Code parte à conquista do mercado espanhol com uma loja em Barcelona

Concluída a reestruturação interna, desenhada com o apoio do ex-diretor executivo da Parfois, a marca de vestuário da SDV está pronta para crescer. Quer duplicar a faturação no espaço de cinco anos.
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A Code, marca portuguesa de retalho de vestuário da SDV-Sociedade de Distribuição de Vestuário, acaba de abrir uma loja em Barcelona, o primeiro espaço franchisado do grupo, em conjunto com a IC Clermonts, parceira "de longa data" da Code em Espanha. O objetivo é alargar a presença no país vizinho, com a abertura de 5 a 10 novos espaços no prazo de um ano. Todos em regime de franchising. José Álvares Ribeiro, CEO da SDV, explicou ao Dinheiro Vivo que a IC Clermonts "tem já alguns pontos referenciados" para novas aberturas, designadamente na zona de Barcelona e de Madrid. E outras se poderão seguir.

Em Portugal, a marca conta com 49 lojas - além da plataforma online recentemente criada -, a maioria das quais se situam nas galerias do Pingo Doce, já que foi essa a génese do grupo. A SDV, com sede em Ermesinde, foi criada por Joaquim Cardoso em 2003, depois deste vender, um ano antes, a sua participação maioritária na Maconde, que chegou a ser a líder das confeções no País. Com a SDV, hoje liderada pela sua filha, Carla Cardoso, o empresário começou por trabalhar em parceria com a Jerónimo Martins para a redefinição do negócio têxtil dos hipermercados Feira Nova.

E foi também a partir dessa ligação que a SDV chegou à Polónia, onde conta com 2800 pontos de venda em supermercados da Biedronka, a rede da Jerónimo Martins naquele território. Mas não só. O vestuário da Code é exportado, ainda, para a Arménia, Marrocos, Rússia, Senegal e, claro, Espanha.

No total, a empresa faturou cerca de 90 milhões de euros em 2019, dos quais 30% assegurados pelo retalho e os restantes 70% pelo segmento de trading. A pandemia, em 2020, obrigou a colocar em stand-by "algumas ideias e negócios" em vista, embora tenha também sido uma "oportunidade" para promover uma "forte reestruturação" do grupo, que tinha sido delineada em 2019, mas ganhou força com a covid. Passou pelo encerramento das 11 lojas de calçado SPOT e pela descontinuidade da aposta do grupo numa marca própria neste segmento de negócio.

Citaçãocitacao80 milhões de euros foi a faturação da SDV em 2020, valor que quer duplicar em 5 anos

O ano foi ainda marcado por uma profunda reestruturação operacional, que levou a uma redução dos funcionários da SDV de 520 para 300 pessoas. "Foi um processo muito duro, muito complicado, mas que tentamos conduzir da forma mais tranquila e humana possível", garante o responsável, que não poupa elogios aos funcionários.

José Álvares Ribeiro reconhece que a covid teve "um impacto brutal" no retalho, sendo que a SDV aproveitou o confinamento para "arrumar a casa e olhar para algumas oportunidades". Hoje, garante que a empresa saiu "mais forte e resiliente" para enfrentar o futuro. O processo de reestruturação contemplou também a área financeira do grupo, de modo a torná-lo "mais resistente".

Para ajudar à redefinição o futuro da Code, a SDV contratou, ainda em 2019, o ex-diretor executivo da Parfois. Sérgio Marques mantém-se na Parfois, mas sem funções executivas já desde fevereiro de 2019, e assumiu, entretanto, o lugar de assessor de comunicação na SDV.

"Foi uma ajuda fulcral na análise da operação, pela sua enorme experiência na expansão da Parfois e do que é operar uma rede de retalho. Entendemos que seria a pessoa certa para ajudar a refazer o futuro da SDV", explica o CEO da empresa.

E a primeira aposta é para reforçar o segmento de trading, não só em Portugal mas lá fora também, quer através da marca Code, ou desenvolvendo novas referências e novas marcas, destinadas a dar resposta a nichos de mercado diferenciados. O objetivo é que, dentro de cinco anos, a SDV possa ter duplicado a sua faturação.

Em cima da mesa estará também o reinvestimento no retalho, com novas lojas Code, mas só irá acontecer a partir do próximo ano. "Neste momento, é tempo de ultrapassar as dificuldades de 2020 e as que vivemos no início de 2021, e temos que ser bastante cuidadosos. O ano pode trazer-nos ainda algumas surpresas", refere o empresário.

2020 ficou ainda marcado pelo lançamento da loja online Code, que ajudou a manter um contacto direto com os clientes, mesmo com as lojas encerradas. "Foi algo que nos projetou de forma muito interessante, era um investimento que já devia ter sido dado antecipadamente", reconhece José Álvares Ribeiro, que trocou uma carreira de duas décadas no grupo Symington para abraçar o desafio da indústria têxtil e de vestuário. "Hoje já gosto tanto ou mais do retalho e do têxtil como gostava do vinho do Porto, um setor em que as mudanças ocorrem no seu tempo muito próprio. No têxtil é tudo muito mais versátil", diz.

Sem qualquer envolvimento na área da produção têxtil, a SDV cria as coleções e coloca-as em produção em qualquer parte do mundo. O importante é mesmo comprar "os melhores produtos, da forma mais rentável possível", dispondo, por isso, de uma equipa comercial alargada e com "uma enorme experiência" nesta área. Nos têxteis-lar, grande parte do que vende é produzido em Portugal.
No vestuário, praticamente vem tudo de fora. "Há países muito mais bem preparados para produzir determinado tipo de artigos, depende sempre do tipo de tecido e de produto de que estamos a falar. A Code é uma marca que entrega uma coleção de grande qualidade, com um bom design e uma relação preço/qualidade de excelência", sublinha.

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