Os candidatos selecionados para a bolsa que deveria contar com mil técnicos superiores, destinada a reservar novos profissionais para centros de competências do Estado, estão a ser colocados com recurso a um algoritmo, depois de o processo ter passado a dispensar entrevista profissional com as alterações aos procedimentos dos concursos de recrutamento no início do ano.."Não havendo entrevista, temos de ser mais rigorosos no match entre as necessidades do serviço, a preferência que as pessoas manifestam e a licenciatura que têm", explicou esta terça-feira a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, questionada pelos deputados acerca das novas regras..Neste momento, está em curso a colocação de 60 técnicos superiores para o futuro Centro de Competências de Apoio à Política Externa, que deverá ainda ir apoiar a Presidência Portuguesa da União Europeia em curso, segundo Alexandra Leitão..Mas há dúvidas sobre os procedimentos e os deputados alertaram para casos em que titulares de mestrado e doutoramento estarão a ser preteridos a favor de quem tem licenciatura na área de competências desta primeira colocação.."Estão a ser excluídos todos os candidatos que ao invés de terem uma licenciatura numa determinada área exigida, tenham mestrado ou doutoramento nessa mesma área", denunciou a deputada Isaura Morais, do PSD..Segundo a ministra, tal acontece porque a carreira de técnico superior exige licenciatura na área, sendo que quem tem estudos de pós-graduação nessa área mas não a licenciatura terá de aguardar por ofertas para a sua licenciatura. "Não estamos obviamente a prejudicar doutorados ou mestres", defendeu Alexandra Leitão, referindo que o INA - Direcção Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas irá ainda nesta terça-feira responder às dúvidas que estão a ser colocadas pelos candidatos.."Ninguém fica excluído. Vai haver sucessivas ofertas de colocação", disse também a ministra sobre o processo de colocação das mais de oito centenas de técnicos superiores já integrados na bolsa de recrutamento para centros de competências do Estado. A constituição da bolsa, anunciada pelo governo na anterior legislatura, não cumpriu ainda o objetivo de selecionar mil candidatos, e só neste mês iniciou colocações, após a simplificação dos procedimentos de concurso..De contrário, mantendo-se a obrigatoriedade de entrevista profissional, seria necessário completar a bolsa e realizar todas as entrevistas antes de haver qualquer colocação, justificou Alexandra Leitão, perante dúvidas manifestadas também pelo deputado João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, sobre a mudança de regras quando estava em curso já o processo de recrutamento..Alexandra Leitão explicou que a constituição de bolsa e o processo de colocação de técnicos superiores são momentos estanques no recrutamento, com as regras a mudarem antes do início das colocações. Por outro lado, lembrou, "estar na reserva não é garantia de vaga"..Mas, porque o número de selecionados para a reserva é inferior às vagas que serão abertas, "há expetativa de que todos entrem", disse..No parlamento, Alexandra Leitão disse ainda estar para "muito em breve" o lançamento de 500 estágios na Administração Central, previstos no Orçamento do Estado deste ano. "Este programa trará sangue novo à Administração Pública e permitirá que jovens qualificados possam adquirir experiência, trabalhando em projetos concretos e limitados no tempo, em áreas fundamentais como a transição digital", defendeu.