Com X suspenso no Brasil clubes acham alternativas

Dos 40 das duas principais divisões, 34 já migraram para Threads e Bluesky. Os maiores já batem recordes de adesão. E os menores adaptam-se em alta velocidade.
O Flamengo tinha  10,8 milhões de seguidores na rede X (antigo Twitter). Foto: 
Foto: Aizar Raldes/AFP
O Flamengo tinha 10,8 milhões de seguidores na rede X (antigo Twitter). Foto: Foto: Aizar Raldes/AFP
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Com o bloqueio da rede social X no Brasil, que completa hoje 28 dias após determinação de um juiz do Supremo local por incumprimento de normas previstas na Constituição pela empresa de Elon Musk, os clubes brasileiros migraram para plataformas alternativas - o Threads e o Bluesky. Dos 40 das séries A e B, as duas principais divisões, 34, ou seja, 85%, já entraram nessas duas redes.
“Para os setores que tinham uma presença significativa no X, pode haver dano de imagem ou financeiro mas nada que não seja administrável”, afirma Edmar Bulla, fundador e CEO do Grupo Croma de design de inovação e futuros. “Para os que já têm uma forte presença no Instagram ou outras redes, os danos tendem a ser menores, entendo que clubes, marcas e empresas têm capacidade de adaptação nas medias sociais”, conclui o empresário formado na ESPM com especialização em Marketing Digital por Harvard.

Os clubes brasileiros chegavam a 230 milhões de seguidores, com mais de quatro mil milhões de interações anuais, no X. O Flamengo, com 10,8 milhões de seguidores, o Corinthians, com 7,8, o São Paulo, com 4,9, e o Palmeiras, com 3,8, estavam no topo.

Quem, entretanto, captou mais seguidores nas alternativas foi o Corinthians graças à contratação do atacante Depay, ex-Atlético de Madrid: foram 40 mil seguidores no Bluesky em menos de 24 horas, tornando-se o clube com mais fãs nesta rede; no Threads, chegou a 1,8 milhões, aproximando-se do líder Fla, com 2,3 milhões.
No Fortaleza, clube num surpreendente terceiro lugar no Brasileirão, “o X já fazia parte da rotina”, diz Marcel Pinheiro, diretor de Comunicação e Marketing. “Mas estamos sempre atentos a novas tendências e a novas práticas a adotar”.

No Sport Recife, clube treinado pelo português Pepa, “o bloqueio foi prejudicial em todos os sentidos, tanto comercial como de divulgação”, diz Eduardo Arruda, vice-presidente de Marketing e Comunicação. “Mas dá-nos a possibilidade de começar do zero e em pouco tempo já conquistámos muitos seguidores, o que comprova o bom trabalho de gestão da nossa equipa”.

Vinicius Lordello, responsável pela comunicação do Coritiba, lembra que “o X é uma ferramenta de disseminação de informação mas também de troca de opinião em tempo real, quem estava acostumado com a instantaneidade, naturalmente procurou outra ferramenta para suprir essa lacuna”. “O Coritiba antecipou-se chegando ao Bluesky depois de já ter começado o trabalho no Threads”, completa.

Para Bruno Zaballa, vice-presidente de Marketing e Comunicação do Juventude, “nos clubes com menor investimento nos media, as redes sociais são fundamentais para todo o tipo de relação com o público, com a ausência do X, o Threads e o Bluesky servem de redes standby, mas, entretanto, conforme passa o tempo sem X, talvez estas redes ganhem protagonismo”.

No Botafogo, do treinador português Artur Jorge, o X já era a rede menos importante, lembra Laura Louzada, gerente de marketing. “Por isso, a partir de agora temos duas possibilidades para alavancar o nosso potencial, dentro das estratégias de marca e identificação com o clube, e trazer resultados à instituição”.
No Guarani, o coordenador do departamento de Comunicação reconhece que “o X deixa uma lacuna grande porque é uma rede social consolidada” mas que a hora é de “avaliar alternativas”. “Por enquanto, estamos movimentando o Threads”, disse Luciano Vaz.

Os clubes adaptam-se depressa, tão depressa como o tempo que demora a escrever um tweet.

NÚMEROS 

28

Dias sem X no Brasil, por enquanto, por decisão de um juiz do Supremo que deu prazo para a empresa se adequar à legislação local

85%

Percentagem de clubes brasileiros das duas principais divisões que migraram para redes alternativas

230 000 000

Número de seguidores no X dos clubes brasileiros, 10,8 só do Flamengo e 7,8 só do Corinthians, os dois emblemas mais populares do país

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