O Conselho das Finanças Públicas (CFP) considera que a política orçamental em 2021 foi neutra, contrastando com a postura expansionista do ano anterior.."A postura política orçamental pode ser considerada neutra em 2021, o que contrasta, em todo o caso, com a natureza expansionista e contracíclica evidenciada em 2020", refere o relatório "Evolução Orçamental das Administrações Públicas em 2021", divulgado hoje..De acordo com a análise do CFP, no contexto de recuperação da economia, marcada pelos apoios da União Europeia na resposta orçamental à crise pandémica e ao investimento, a postura da política orçamental revelou-se neutral..A instituição presidida por Nazaré Costa Cabral em 2021, no contexto de recuperação da conjuntura económica - variação positiva do hiato do produto em 2,9 pontos percentuais (p.p.) do Produto Interno Bruto (PIB) potencial -, a variação nula do saldo primário estrutural reflete uma postura neutra da política orçamental.."Este resultado representa uma alteração da postura da política orçamental, face à política expansionista e contracíclica assumida em 2020", refere..O CFP destaca que mais de quatro quintos da recuperação do saldo em 2021 resultou da melhoria verificada no saldo primário.."Este indicador, que não inclui os encargos com juros, registou uma melhoria de 2,6 p.p. do PIB, em 2021, atingindo um défice primário de 0,4% do PIB (ou de 808 ME)", recorda, acrescentando que a diminuição anual dos encargos com juros (0,4 p.p. do PIB) explica a restante melhoria do saldo orçamental..Descontando o efeito orçamental transitório provocado por medidas "one-off" (temporárias), "o saldo orçamental ajustado daquelas medidas melhorou 2 p.p. do PIB em 2021, ou seja, uma redução de um terço do agravamento que aquele indicador registou em 2020 (5,9 p.p. do PIB)", acrescenta.."O impacto favorável gerado pelo ciclo económico (1,6 p.p. do PIB), a par da diminuição anual dos encargos com juros (0,4 p.p. do PIB), a mais elevada das duas últimas décadas, foram determinantes para essa melhoria", vinca..O CFP destaca ainda que das medidas de resposta à pandemia, que em 2021 ascenderam a 2,7% do PIB, mais 0,3 p.p. do que o verificado em 2020, o desequilíbrio orçamental reduziu-se em 3,0 p.p. do PIB.