CTT negoceiam com investidor criação de sociedade imobiliária

Grupo liderado por João Bento tem em curso estratégia de transformação da operação. Património imobiliário em causa abrange 410 imóveis avaliados em 134 milhões de euros.
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Os CTT- Correios de Portugal iniciaram conversações exclusivas com um investidor, cuja identidade não é revelada, para criar uma sociedade imobiliária que controlará todo o portefólio imobiliário de retalho e logística do operador postal, de acordo com o comunicado veiculado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta segunda-feira.

"Os CTT - Correios de Portugal, S.A. informam que entraram em negociações exclusivas com uma terceira parte com vista à criação de um veículo especial para deter e gerir o portefólio de retalho e logística dos CTT, o qual será maioritariamente detido pelos CTT. A terceira parte, a quem foi concedido o período de negociação exclusiva, irá co-investir no veículo em conjunto com investidores adicionais", lê-se.

Em causa está 410 ativos imobiliários, dos quais 400 são considerados "portefólio de rendimento" por se tratar de lojas CTT, armazéns e centros de logística ou distribuição. Alguns destes imóveis representam "potenciais oportunidades de expansão, nomeadamente na rede logística, em Portugal e Espanha (oportunidades de expansão build-tosuit)"

Os outros dez imóveis integram uma carteira de "desenvolvimento", isto é, são ativos localizados em áreas com potencial para novos projetos imobiliários, que podem ter uma utilidade mista e que "num futuro próximo" podem deixar de ser essenciais para a rede de logística do operador postal.

A criação deste um veículo imobiliário pretende gerir imóveis avaliados em 134 milhões de euros. Os referidos 400 ativos da carteira de "rendimento" têm um contabilístico líquido de 110 milhões de euros e totalizam uma área bruta locável de cerca de 240 mil metros quadrados. Já os dez imóveis do "portefólio de desenvolvimento" estão avaliados em 24 milhões de euros.

A estratégia dos CTT é incorporar todo este portefólio imobiliário numa nova empresa, detida maioritariamente pelo serviço postal, nomear um gestor de ativos externo para gerir o veículo e criar condições de entrada de "investidores institucionais e family offices, para tomarem uma posição minoritária no veículo".

"Até ao momento, o processo tem atraído o interesse de múltiplas partes, que apresentaram ofertas não vinculativas. A atribuição de um período de negociação exclusiva reflete a avaliação dos CTT sobre a oferta mais adequada", lê-se.

Não obstante, "nesta fase, os CTT pretendem constituir uma estrutura destinada a maximizar o valor do portefólio de rendimento, através da otimização da sua gestão corrente, melhoria da ocupação com captação de novos inquilinos, e procura oportunidades de micro-desenvolvimento nos casos em que se possa considerar que existam".

Este veículo fará parte de uma estratégia mais abrangente. A 23 de dezembro, os CTT criaram a CTT IMO, uma holding imobiliária para rentabilizar o património do grupo. Segundo noticiou o jornal Eco a 14 de janeiro, esta é uma ideia antiga dos CTT, pois, em 2019, o grupo liderado por João Bento já tinha indicado que estaria à procura de uma "forma estruturada" de "otimizar" e "monetizar" o portefólio imobiliário, "como parte do plano de transformação operacional, e em linha com a política de alienação de ativos não estratégicos quando as condições de mercado se verificam".

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