Os últimos meses vieram demonstrar que a mobilidade e o trabalho remoto são fundamentais para manter os negócios operacionais, especialmente em momentos atípicos como o que vivemos atualmente. Mas, apesar das mudanças ocorridas por força da pandemia de covid-19, muitas organizações já tinham começado a migrar os seus negócios para a Cloud. "A Cloud é hoje um imperativo urgente no core do negócio", disse Rui Barros, administrador responsável pela área de tecnologia na Accenture Portugal, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Também a consultora que representa centra hoje a sua estratégia nesta ferramenta tecnológica, um caminho que segue desde há cerca de cinco anos, nomeadamente através da aquisição de vários fornecedores de serviços na área da Cloud..A comprová-lo a forte presença em mais uma edição da Web Summit, que decorreu a semana passada em modo virtual a partir de Lisboa, e que serviu de palco a um conjunto de especialistas da Accenture que, de diferentes perspetivas, ajudaram a materializar a forma como a consultora organizou a sua estratégia em torno deste modelo de negócio. Inovação, segurança dos dados e da informação de negócio, ou o papel da inteligência artificial (IA) nos modelos de negócio presente e do futuro, foram algumas das temáticas destacadas pela equipa da Accenture..Desde que o mundo entrou em modo confinamento, grande parte das organizações viram-se obrigadas a criar condições - em tempo recorde - para que as equipas pudessem continuar a trabalhar de forma remota. Esta mudança repentina abriu as portas a uma vaga crescente de ciberataques, uma vez que muitos sistemas ficaram mais vulneráveis. Se, por um lado, é verdade que as empresas estão mais atentas à segurança, por outro, "os hackers estão também a criar esquemas cada vez mais elaborados", alerta Sanjeev Shukla, Cloud First Security Lead na Accenture Europe..Durante a sessão que dirigiu na Web Summit, o especialista da Accenture destacou alguns desafios da segurança na cloud, demonstrando também algumas soluções para integrar com eficácia a proteção necessária aos dados do negócio. Em entrevista ao Dinheiro Vivo explicou ainda as principais vantagens na migração para este modelo alertando, contudo, para as dificuldades de um processo que pode ser longo para alguns tipos de negócio. "É rápido em algumas áreas como, por exemplo, nas empresas que têm o seu ambiente próprio de desenvolvimento que, ao migrar para a cloud, veem rapidamente resultados. Mas em alguns casos pode ser uma migração difícil, longa e dolorosa". Ainda assim, acrescenta o especialista, "os benefícios de segurança, CRM ou automação são visíveis mais rapidamente"..No que se refere às vantagens da cloud, Sanjeev Shukla destaca a escalabilidade e a economia. "Pagamos pelo que usamos e é fundamental as empresas usarem também pela agilidade que permite. Podemos desenhar recursos ou adicionar recursos na cloud com apenas um clique". Estes benefícios contribuíram para o enorme movimento de adesão observado desde o início da pandemia. "Conseguimos fazer em dias ou semanas o que teria levado meses noutros tempos", exemplifica..Em relação à segurança na cloud, Sanjeev Shukla alerta para a importância de garantir que o Service Provider detém uma infraestrutura segura a nível global e que os investimentos que fez em segurança são realmente eficazes. "A segurança na cloud é uma responsabilidade partilhada pelo que o fornecedor tem de ter várias camadas de segurança, com mais ou menos controle por parte do cliente". Por exemplo, no modelo "platform as a service", o fornecedor é responsável por mais camadas de segurança, enquanto que no modelo "sofware as a service", é o cliente quem tem mais controle sobre as camadas de segurança. "O modelo de desenvolvimento que escolhemos define a flexibilidade que cada empresa tem em termos de controle", explica o responsável da Accenture que, acrescenta: "Migrar para a cloud não significa alteração dos objetivos de segurança. É importante garantir a segurança do negócio, dos dados dos clientes, ou a propriedade intelectual. Só a forma como implementa os diferentes níveis de controle é que muda com a cloud"..Antes da pandemia, a utilização da IA para automizar processos de atendimento ao cliente, especialmente em grandes organizações, era já uma realidade. No entanto, como refere Laetitia Cailleteau, Data & AI Europe Lead na Accenture Europe, "agora, as organizações estão a prestar mais atenção aos dados que têm para automizar o negócio, otimizar e reduzir custos". A especialista da consultora falava durante a sessão que moderou na Web Summit, e que reuniu um conjunto de empresários que partilharam as suas experiências com a utilização da IA para potenciar a utilização dos dados nas suas organizações. Em comum, a opinião de que os dados serão essenciais para a diferenciação dos negócios e que a sua valorização, de forma responsável e ética, será fundamental durante a próxima década. "Os dados são um ativo muito importante em qualquer negócio, de qualquer setor de atividade", aponta Laetitia Cailleteau, que, quando combinados com ferramentas de IA permitem às organizações extrair informação verdadeiramente útil dos seus sistemas, ajudando à tomada de decisões mais rápidas e eficazes. "Trata-se de aproveitar os dados em escala e desbloquear o seu valor com inteligência aplicada", acrescenta..A cloud acaba por funcionar como um catalisador para a mudança na forma de interpretar os dados e de usá-los em benefício do negócio, permitindo trabalhar mais de perto com clientes e parceiros. "A partilha dos dados dentro de um ecossistema de negócio permite uma partilha segura de informação e uma utilização mais rápida e racional dos mesmos", conclui a especialista da Accenture..Ainda antes do impacto da pandemia, o estudo da Accenture "Full Value. Full Stop. How to scale innovation and achieve full value with Future Systems", concluído há cerca de um ano, revelava que as empresas capazes de escalar a inovação tecnológica geram o dobro do crescimento em receitas. Uma conclusão que, aos dias de hoje, faz ainda mais sentido e que serviu de mote para a mesa redonda, moderada por Emmanuel Viale, Technology Innovation, Managing Director, na Accenture Europe, que decorreu durante o primeiro dia da Web Summit. Perante milhares de participantes virtuais, o especialista da Accenture procurou ouvir as experiências de um conjunto de empreendedores e gestores sobre a temática da inovação. O que funciona e o que não funciona, que tecnologias fazem realmente a diferença e acrescentam valor ao negócio, e como escalar e transformar o negócio com o apoio das ferramentas tecnológicas foram alguns dos temas em cima da mesa..Nos dias que correm, além dos desafios colocados pela transformação digital em curso, os gestores têm pela frente um conjunto de novas metas a atingir por força das mudanças impostas pela pandemia de Covid-19. A inovação é, agora, mais do que tecnológica, um caminho de incerteza que cada organização terá de percorrer à sua maneira. No entanto, como referiu o responsável da Accenture, esta crise tem que ser encarada com um espírito de reinvenção - acelerar a transformação digital para dar resposta às mudanças no mercado, repensar as estruturas de custos, e implementar operações mais ágeis, estratégias que lhes permitam ultrapassar esta crise e preparar o futuro mais fortes..Ainda antes do impacto da pandemia, o estudo da Accenture "Full Value. Full Stop. How to scale innovation and achieve full value with Future Systems", concluído há cerca de um ano, revelava que as empresas capazes de escalar a inovação tecnológica geram o dobro do crescimento em receitas. Uma conclusão que, aos dias de hoje, faz ainda mais sentido e que serviu de mote para a mesa redonda, moderada por Emmanuel Viale, Technology Innovation, Managing Director, na Accenture Europe, que decorreu durante o primeiro dia da Web Summit. Perante milhares de participantes virtuais, o especialista da Accenture procurou ouvir as experiências de um conjunto de empreendedores e gestores sobre a temática da inovação. O que funciona e o que não funciona, que tecnologias fazem realmente a diferença e acrescentam valor ao negócio, e como escalar e transformar o negócio com o apoio das ferramentas tecnológicas foram alguns dos temas em cima da mesa.