A agência de notação financeira DBRS deverá manter inalterado o 'rating' e a perspetiva da dívida soberana portuguesa, em "BBB" (alto) com perspetiva "positiva", na avaliação prevista para esta sexta-feira, segundo os analistas consultados pela Lusa..Em fevereiro, a DBRS manteve o 'rating' da dívida soberana portuguesa em "BBB" (alto), mas melhorou a perspetiva de 'estável' para 'positiva'.."A DBRS deverá manter o rating da dívida soberana portuguesa, assim como a perspetiva", antevê Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, em declarações à Lusa..O analista assinala a recuperação da economia portuguesa, resultado sobretudo da retoma no turismo, bem como "toda a dinâmica empresarial que tem consigo adaptar-se às exigentes alterações que fruto da pandemia e guerra têm colocado aos empresários".."A inflação e a subida das taxas de juro podem colocar alguns entraves ao bom desempenho da economia, no entanto, achamos que Portugal irá conseguir manter a dinâmica atual e mesmo crescendo menos, irá continuar a trajetória positiva que tem demonstrado no pós-pandemia", acrescenta..Também Filipe Garcia, presidente da IMF -- Informação de Mercados Financeiros, não vê motivos para alterações de rating ou de perspetiva nesta fase.."Há sinais preocupantes para o futuro como a previsível desaceleração económica e a subida dos juros, mas a posição orçamental do país é robusta este ano e a trajetória previsível da dívida/Produto Interno Bruto (PIB) é favorável", justifica, acrescentando que as agências de notação financeiras irão continuar "atentas à performance orçamental, trajetória do rácio de dívida, evolução da economia, dos juros e à estabilidade política"..A avaliação inalterada é também esperada por Henrique Tomé, da XTB, recordando que as condições económicas à escala global continuam a dar sinais de deterioração.."Embora os indicadores económicos em Portugal ainda não evidenciem sinais claros de deterioração", refere, acrescentando que, todavia, as 'yields' a 10 anos em Portugal "estão muito acima da média europeia e das grandes potências, sinalizando também o risco que as economias mais endividadas estão aos aumentos das taxas de juro e também à deterioração das condições económicas"..Em fevereiro a DBRS justificava a melhoria da perspetiva para Portugal com as vulnerabilidades de crédito do país ligadas à pandemia parecerem "estar a recuar, enquanto as perspetivas macroeconómicas estão a melhorar"..No relatório a agência assinalava que, apesar do choque abrupto provocado pela pandemia, que levou a uma recessão de 8,4% em 2020, a economia portuguesa conseguiu recuperar no ano passado..Explicava ainda que o rating de Portugal poderia ser revisto em alta se o desempenho macroeconómico do país continuar a melhorar e o peso da dívida pública voltar à trajetória descendente..Por outro lado, avisa, a perspetiva poderia ser revista em baixa para 'estável' se as perspetivas de crescimento se deteriorarem "significativamente" e pode cortar o rating caso o compromisso político com políticas macroeconómicas sustentáveis diminuir, com impacto para as finanças públicas..A segunda agência a avaliar Portugal no segundo semestre deverá ser a Standard & Poor's em 09 de setembro..O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito..Os calendários das agências de 'rating' são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.