Delta admite subida do preço do café e prevê crescimento na faturação

CEO do Grupo Nabeiro reconheceu a escalada de preços da matéria-prima, mas continua a fazer mira ao "top-10" das empresas produtoras de café
Rui Miguel Nabeiro e João Manuel Nabeiro. FOTO: Paulo Spranger/Global Imagens
Rui Miguel Nabeiro e João Manuel Nabeiro. FOTO: Paulo Spranger/Global ImagensRui Miguel Nabeiro e João Manuel Nabeiro. FOTO: Paulo Spranger/Global Imagens
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A Delta Cafés - Grupo Nabeiro espera elevar a faturação para a casa dos 560 milhões euros em 2024, um crescimento de 12% face a 2023, mas admite uma subida no preço do café. Os números foram revelados nesta quarta-feira por Rui Miguel Nabeiro no evento de divulgação das novas apostas e novidades da marca, na LxFactory, em Lisboa. Apesar do crescimento positivo e da aposta na internacionalização da marca, o CEO do Grupo admitiu uma subida no preço do café quase “impossível” de evitar devido ao custo da matéria-prima.

“Diria que é uma certeza absoluta [referindo-se à subida do preço do café]. Não temos forma de sustentar sozinhos e acomodar nas nossas margens uma subida de 200% do café robusta”, disse o CEO do Grupo em declarações aos jornalistas, à margem do evento. É uma subida inédita, registada “pela primeira vez na história (…), nunca tinha acontecido”, atirou.

Delta quer estar entre as 10 melhores do mundo

Num ano em que se prevê uma faturação positiva, registando mais 100 milhões de euros face a 2022, esta poderá ser uma nota negativa para o Grupo Nabeiro e dificultar voos maiores. De olhos postos no topo, a Delta mantém como grande objetivo sentar-se à mesa do “top-10” mundial de empresas produtoras de café. Questionado se a meta é concretizável numa década, Rui Miguel Nabeiro não ousa fazer previsões, mas deseja estar no ativo o suficiente para ver o Grupo atingir esse feito. “Eu tenho dito que gostava que o meu legado fosse este. Ainda estar no ativo e ver a Delta chegar ao top ten das marcas de café a nível global”.

A internacionalização da marca terá um peso chave para alavancar a posição do Grupo, que atualmente ocupa o 22.º lugar do ranking. Com mercados a consolidarem-se em Espanha, onde reside “80% do consumo fora de casa”, seguidos de Angola, França, Brasil e Suíça, a aposta internacional será uma trave-mestra da estratégia de crescimento e tem reflexo direto nos lucros da empresa.

A recente aquisição de participação na distribuidora AMD Swiss, realizada no início do ano, faz parte dessa estratégica e “a expectativa é que faça 14 milhões”, revelou o CEO. Além deste reforço, o Grupo Nabeiro espera que a subida dos lucros seja fruto do investimento que tem sido realizado na inovação, que corresponde a cerca de “1% ou 2% da faturação”, disse. O restante crescimento realizar-se-á de forma orgânica, onde as esperanças estão depositadas no lançamento dos novos produtos. “Queremos que 50% daquilo que crescemos seja por via da inovação (…), produtos que foram lançados nos últimos 3 ou 4 anos”.

Aquisições e expansão internacional podem ser chave

Colocar o Grupo entre as 10 melhores marcas de café do mundo não será tarefa fácil, e há “consciência de que não será possível fazê-lo de forma orgânica”, atirou Rui Miguel Nabeiro. Ao leme da empresa desde 2021, partilha que a estratégia poderá passar por mais aquisições mas que, de momento, não há compras previstas.

Previsto está a entrada da empresa em novos mercados. À boleia da Jerónimo Martins, que vai abrir cerca de dez lojas na Eslováquia até ao final do ano, o Grupo Nabeiro tenciona desbravar novo território. Depois de conquistar mercado na Polónia, o mercado “que mais tem puxado neste crescimento” e onde a Delta Q tem hoje uma quota de 25%, estando apenas na Biedronka, o Grupo espera manter a ascensão do peso das cápsulas na soma final. “As cápsulas têm sido um motor de crescimento importante, valem 15% do negócio”, revelou o CEO.

No evento de inovação foi reforçada essa aposta, tendo sido apresentados novos blends de café funcionais, uma nova máquina Delta Q e uma nova bio cápsula feita exlcusiamente com óleos vegetais.

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