Uma notícia de impacto no mundo do agenciamento de jogadores de futebol: a Nomi Sports, a Position Number, a Promoesport e a Football Division Worldwide vão ser adquiridas pela Bruin Capital, uma empresa de investimentos sediada em Nova Iorque, e pela TJC, empresa de capital privado, para formar a agência As1, uma das maiores no mundo da representação de atletas.
Com sede em Londres, a empresa representará cerca de 300 jogadores, incluindo alguns dos maiores talentos da Premier League inglesa, como Bruno Fernandes, do Manchester United, Luis Díaz, do Liverpool, ou Moisés Caicedo, do Chelsea, além de clientes na La Liga, de Espanha, na Série A, de Itália, e na Bundesliga, da Alemanha, entre outras.
O acordo, noticiado pelo Financial Times (FT), deve valer 310 milhões de dólares (cerca de 295 milhões de euros), incluindo as dívidas.
Segundo a Bruin, a As1 entrará de caras no top 10 das maiores agências de futebol, graças ao valor de mercado de aproximadamente 700 milhões de euros dos seus jogadores, usando números do site Transfermarkt.
Ignacio Aguillo, ex-banqueiro com ligação ao Atlético Madrid, será o CEO da As1. “Eu diria que a ‘velha guarda’ provavelmente terá dificuldades com estas mudanças”, disse ao FT, a propósito da nova forma de contratação de atletas no mundo do futebol.
Segundo ele, os tempos em que treinadores-dirigentes do tipo Alex Ferguson dominavam as decisões sobre compra e venda de jogadores acabou, dando lugar a um batalhão de especialistas em recrutamento nos clubes. “Agora temos de entender e sermos capazes de navegar por tudo isso”, continuou Aguillo.
“Tudo isso” é um mundo em que não apenas os clubes atraem fãs - os próprios jogadores são donos de um grande número de seguidores online. “Com as medias sociais, as oportunidades comerciais de hoje são mais valiosas do que poderiam ser há 10 anos, porque esses jogadores agora são as próprias marcas”, disse George Pyne, ex-presidente da IMG Sports & Entertainment e um dos líderes da As1. “Não é possível administrar o desporto sem os jogadores”.
“Tudo isso” é também um mundo em que não apenas os clubes atraem atenção dos investidores: agora partilham essa atenção com as agências desportivas e de talentos, como a As1.
Entre os negócios mais importantes de 2023, destaca-se a compra, pela família milionária francesa Pinault, de uma participação maioritária na CAA, uma das principais agências de futebol. A CAA já havia adquirido a ICM, a agência que absorveu o Stellar Group do superagente Jonathan Barnett.
Outros negócios incluíram o investimento, em 2022, da Providence Equity Partners na Wasserman, outra agência de desporto e entretenimento. A Wasserman acabou adquirindo a International Football Management, sediada na Suíça. Na terça-feira, a Hollywood Gersh anunciou a aquisição da agência de desporto e entretenimento You First, com sede em Madrid, lembra o mesmo FT.
Como os clubes e os atletas, os agentes desempenham um papel fundamental no mercado de transferências de futebol: ganharam mais de 888 milhões de dólares (cerca de 846 milhões de euros) em transferências internacionais em 2023, a maior soma já registada pela FIFA, excluindo a comissão de transferências entre clubes do mesmo país.
NÚMEROS
310
Número, em milhões de dólares, que o acordo, noticiado pelo Financial Times, vai valer
700
Milhões de euros que a nova empresa vai gerir, tendo em conta o valor de mercado da sua carteira de jogadores
888
Valor, em milhões de dólares, que os agentes arrecadaram, segundo a FIFA, só em transferências internacionais em 2023