Doutor Finanças: "Nunca foi concedido tanto crédito como agora"

O CEO do Doutor Finanças, Rui Bairrada, sublinha que "os juros nunca subiram tão drasticamente" e que "nunca houve tão pouco incumprimento como hoje".
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O Doutor Finanças - especialista em finanças pessoais - faturou no ano passado oito milhões e pretende atingir os 11 milhões de euros este ano. São 211 trabalhadores na equipa, com modelo de trabalho 100% flexível. Até ao fim do ano, serão recrutados mais 20. Literacia Financeira, Tecnologia, Recursos Humanos, Data Science, Comunicação e Marketing, são as áreas com vagas em aberto.

Como responder à subida dos juros do crédito habitação?

Com ação. Temos de negociar, renegociar, negociar, e assim sucessivamente. Há que saber o que fazer para melhorar a vida financeira, o que se pode negociar com o banco e como negociar o spread. Vimos de taxas de juro historicamente baixas, o que nunca tinha acontecido. Porém, o mercado começou a acertar-se e estamos com níveis entre 2% e 3%. Os juros nunca subiram tão drasticamente.

Como avalia as medidas anunciadas pelo governo na semana passada em relação aos bancos terem de renegociar os créditos à habitação?

Avalio sempre de forma positiva. Quando existe um problema e há várias entidades a quererem resolver, já é um bom começo. Existe uma preocupação em ajudar a ultrapassar este momento que vai ser mais difícil para as famílias.

Os clientes que pedirem a renegociação dos créditos vão ser "marcados"? Poderão ser prejudicados futuramente?

Eu espero que não, mas há dúvidas. Não faz sentido serem, porque os bancos vivem de bons clientes e as entidades financeiras vão ajudar os clientes a não entrarem em incumprimento. A preocupação que se tem com a subida das taxas de juro não é se se paga mais, ou menos, mas se as pessoas conseguem continuar a pagar as responsabilidades.

É de prever um grande aumento do incumprimento com a subida das taxas de juro?

Atualmente, os dados dizem: nos últimos tempos, nunca foi concedido tanto crédito como agora, observamos meses com mais de mil milhões de euros em crédito. Nunca houve tão pouco incumprimento. As medidas dos bancos e as nossas, vão ditar as regras, se vão existir muitas pessoas em incumprimentos, ou não. Se vai haver? Sim, é impossível que não haja, mas estamos mais preparados.

Qual a melhor forma de renegociar o crédito à habitação?

Perceber quais as minhas condições, olhar para o crédito, para as dívidas e o spread a pagar. Depois, é ir procurar aos bancos e perceber o que está a fazer o mercado. No mês passado tivemos mais de 2200 processos relativos ao crédito à habitação e colocámos nos bancos 336 milhões de euros. No ano passado ajudámos nove mil pessoas.

Os bancos já deviam estar a oferecer juros mais atrativos nos depósitos?

Vai acabar por acontecer. Os bancos pagam mais juros quando há menos liquidez e ainda têm muito excesso. Portanto, ainda há um longo caminho a percorrer, e não está a ser tão rápido como se gostaria.

Quais as estratégias que podem ser adotadas pelas famílias para responder ao aumento dos encargos com o crédito e custo de vida?

Fazer um orçamento e perceber em que se gasta mais dinheiro. Devemos questionar-nos: se eu estou a pagar 500 euros em habitação, será que posso reduzir o valor? Se calhar existe uma opção no mercado em que é possível pagar menos.

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