A Apple viu o seu valor de mercado descer aproximadamente 167 mil milhões de dólares, o que corresponde a cerca de 142 mil milhões de euros, nos últimos dois dias. Este comportamento reflete a reação tépida dos investidores à apresentação dos novos iPhones e dos outros produtos da empresa, realizada na terça-feira. A perda de valor reflete-se numa queda de 11,18 dólares por ação (cerca de 9,50 euros), com cada parcela da empresa a fechar o dia de negociação esta quarta-feira, 10 de setembro, em 226,70 dólares (cerca de 193,65 euros). O comportamento do mercado financeiro foi influenciado por vários fatores, com analistas e investidores a manifestarem desilusão com a falta de inovações disruptivas. Os lançamentos de terça, como o iPhone 17 e o ultrafino iPhone Air, foram vistos como atualizações "incrementais", em vez de mudanças revolucionárias.Ao contrário do evento do ano passado, em que a Apple Intelligence foi o foco central do lançamento, este ano a Apple não fez qualquer menção significativa à sua estratégia de inteligência artificial. A omissão surpreendeu analistas e investidores, que esperavam novidades concretas sobre a forma como a empresa pretende integrar a IA nos seus produtos, e contribuiu para o sentimento de que o evento foi mais focado no hardware do que em inovações de software.Além dos iPhones, a Apple apresentou também os AirPods Pro 3 com cancelamento de ruído melhorado, e os novos Apple Watch Series 11 e Ultra 3. Este último destaca-se pela conectividade por satélite e pelo sensor de glicose no sangue, funcionalidades que a concorrência (em especial a chinesa Huawei) já oferece há algum tempo, o que também pesou na avaliação do mercado.O desempenho da Apple em bolsa segue uma tendência de desvalorização, que fez com que a empresa perdesse a sua posição de marca mais valiosa do mundo que já teve. A Apple alcançou o pico do seu valor, superior a 3 mil milhões de milhões de dólares (cerca de 2,55 mil milhões de milhões de euros), no início de 2022, mas foi recentemente ultrapassada pela Microsoft e pela Nvidia.A desvalorização é ainda mais notável à luz das recentes decisões de investimento de nomes importantes do mercado. Warren Buffett, um dos investidores mais lendários da história e CEO da holding Berkshire Hathaway, vendeu recentemente uma parte significativa da sua participação na Apple, como a própria anunciou à reguladora do mercado de capitais norte-americano (SEC). Esta venda, que ocorreu no primeiro trimestre de 2024, causou alguma surpresa no mercado e é vista como um sinal de que o próprio "Oráculo de Omaha" está menos otimista quanto ao futuro prazo da empresa.O que houve de novidadesO lançamento seguiu o formato que a Apple tem adotado desde a pandemia: uma apresentação pré-gravada e bem produzida, transmitida em direto a partir da sede da empresa em Cupertino. Apesar do polimento técnico, a falta de uma audiência ao vivo e de um grande anúncio surpreendente fez com que o evento fosse mais contido do que os épicos espetáculos a que a companhia habituou o público, gerando um sentimento de que a Apple está a ser mais (ou demais?) cautelosa.No que toca a inovações, o grande destaque foi o iPhone Air, o novo modelo ultrafino da Apple. Com apenas 5,6 mm de espessura, corpo em titânio e o processador A19 Pro, é o mais leve e o mais fino telefone da história da marca. Contudo, esta busca pela leveza teve um preço: o iPhone Air vem com uma câmara traseira única, uma bateria de menor capacidade e um ecrã de 60Hz, ao contrário do novo iPhone 17, que tem um ecrã de 120Hz.Esta aliás é mesmo a principal diferença entre o iPhone 17 e o seu antecessor, o 16,. Pela primeira vez num modelo base do iPhone, inclui-se a tecnologia de 120Hz, que a Apple chama de ProMotion. Isto torna a experiência visual mais fluida, de facto, mas apesar de ser uma novidade significativa para os modelos de entrada da marca, é um padrão já em muitos telemóveis Android. Mais um detalhe que faz com que a Apple pareça estar a "pôr-se em dia" em vez de liderar o mercado.