Apple perde 142 mil milhões de euros em valor de mercado após apresentar novos iPhones

Ações em queda nos últimos dois dias. Investidores não se entusiasmaram com as novidades consideradas "incrementais".
O CEO da Apple, Tim Cook, na apresentação aos jornalistas, com o novo iPhone 17.
O CEO da Apple, Tim Cook, na apresentação aos jornalistas, com o novo iPhone 17.EPA/JOHN G. MABANGLO
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A Apple viu o seu valor de mercado descer aproximadamente 167 mil milhões de dólares, o que corresponde a cerca de 142 mil milhões de euros, nos últimos dois dias. Este comportamento reflete a reação tépida dos investidores à apresentação dos novos iPhones e dos outros produtos da empresa, realizada na terça-feira. A perda de valor reflete-se numa queda de 11,18 dólares por ação (cerca de 9,50 euros), com cada parcela da empresa a fechar o dia de negociação esta quarta-feira, 10 de setembro, em 226,70 dólares (cerca de 193,65 euros).

O comportamento do mercado financeiro foi influenciado por vários fatores, com analistas e investidores a manifestarem desilusão com a falta de inovações disruptivas. Os lançamentos de terça, como o iPhone 17 e o ultrafino iPhone Air, foram vistos como atualizações "incrementais", em vez de mudanças revolucionárias.

Ao contrário do evento do ano passado, em que a Apple Intelligence foi o foco central do lançamento, este ano a Apple não fez qualquer menção significativa à sua estratégia de inteligência artificial. A omissão surpreendeu analistas e investidores, que esperavam novidades concretas sobre a forma como a empresa pretende integrar a IA nos seus produtos, e contribuiu para o sentimento de que o evento foi mais focado no hardware do que em inovações de software.

Além dos iPhones, a Apple apresentou também os AirPods Pro 3 com cancelamento de ruído melhorado, e os novos Apple Watch Series 11 e Ultra 3. Este último destaca-se pela conectividade por satélite e pelo sensor de glicose no sangue, funcionalidades que a concorrência (em especial a chinesa Huawei) já oferece há algum tempo, o que também pesou na avaliação do mercado.

O desempenho da Apple em bolsa segue uma tendência de desvalorização, que fez com que a empresa perdesse a sua posição de marca mais valiosa do mundo que já teve.

A Apple alcançou o pico do seu valor, superior a 3 mil milhões de milhões de dólares (cerca de 2,55 mil milhões de milhões de euros), no início de 2022, mas foi recentemente ultrapassada pela Microsoft e pela Nvidia.

A desvalorização é ainda mais notável à luz das recentes decisões de investimento de nomes importantes do mercado. Warren Buffett, um dos investidores mais lendários da história e CEO da holding Berkshire Hathaway, vendeu recentemente uma parte significativa da sua participação na Apple, como a própria anunciou à reguladora do mercado de capitais norte-americano (SEC).

Esta venda, que ocorreu no primeiro trimestre de 2024, causou alguma surpresa no mercado e é vista como um sinal de que o próprio "Oráculo de Omaha" está menos otimista quanto ao futuro prazo da empresa.

O que houve de novidades

O lançamento seguiu o formato que a Apple tem adotado desde a pandemia: uma apresentação pré-gravada e bem produzida, transmitida em direto a partir da sede da empresa em Cupertino. Apesar do polimento técnico, a falta de uma audiência ao vivo e de um grande anúncio surpreendente fez com que o evento fosse mais contido do que os épicos espetáculos a que a companhia habituou o público, gerando um sentimento de que a Apple está a ser mais (ou demais?) cautelosa.

No que toca a inovações, o grande destaque foi o iPhone Air, o novo modelo ultrafino da Apple. Com apenas 5,6 mm de espessura, corpo em titânio e o processador A19 Pro, é o mais leve e o mais fino telefone da história da marca. Contudo, esta busca pela leveza teve um preço: o iPhone Air vem com uma câmara traseira única, uma bateria de menor capacidade e um ecrã de 60Hz, ao contrário do novo iPhone 17, que tem um ecrã de 120Hz.

Esta aliás é mesmo a principal diferença entre o iPhone 17 e o seu antecessor, o 16,. Pela primeira vez num modelo base do iPhone, inclui-se a tecnologia de 120Hz, que a Apple chama de ProMotion. Isto torna a experiência visual mais fluida, de facto, mas apesar de ser uma novidade significativa para os modelos de entrada da marca, é um padrão já em muitos telemóveis Android. Mais um detalhe que faz com que a Apple pareça estar a "pôr-se em dia" em vez de liderar o mercado.

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