BCE adverte que preços das ações podem cair muito

Entidade diz, em relatório, que "desde abril, os mercados de ações globais atingiram novos máximos históricos e os 'spreads' de crédito estão atualmente apertados em relação aos padrões históricos".
Sede do BCE, em Frankfurt.
Sede do BCE, em Frankfurt.Dirk Claus/ECB
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O Banco Central Europeu (BCE) alertou esta quarta-feira, 26, que os preços das ações podem cair muito porque estão muito elevados em alguns casos, como os das empresas de tecnologia que produzem elementos para Inteligência Artificial.

O BCE afirma no Relatório de Estabilidade Financeira que, "desde abril, os mercados de ações globais atingiram novos máximos históricos e os 'spreads' de crédito estão atualmente apertados em relação aos padrões históricos".

Os mercados financeiros, e especialmente os de valores, são vulneráveis a "ajustamentos bruscos de preços devido a avaliações persistentemente altas e ao aumento da concentração do mercado de ações", alerta o BCE.

"O sentimento do mercado poderia mudar abruptamente devido à deterioração das perspetivas de crescimento, por exemplo, ou a notícias dececionantes sobre a adoção da Inteligência Artificial (IA)", segundo a entidade monetária.

Estima que os desajustamentos de liquidez em fundos de investimento abertos, o elevado endividamento dos fundos de alto risco e a opacidade dos mercados privados poderiam amplificar a tensão no mercado.

O BCE considera no relatório que a incerteza sobre os acordos comerciais e os efeitos económicos e financeiros a longo prazo das tarifas prejudicam a estabilidade financeira da zona euro.

A incerteza da política comercial "diminuiu notavelmente desde os máximos de abril, mas a incerteza continua a persistir, com potencial para novos picos", assegurou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, ao apresentar o relatório.

O resultado de alguns bancos pode ser afetado por crédito malparado de empresas cujos negócios são mais sensíveis às tarifas. Mas o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que não existe uma bolha na IA.

O facto de que uma forte correção nos preços das ações possa ocorrer não significa que haja uma bolha, segundo o vice-presidente do BCE.

Guindos considerou que existem diferenças em relação ao que foi a bolha das empresas de internet no início deste século, porque agora as empresas de IA possuem dados fundamentais sólidos.

"Agora as empresas têm modelos de negócios muito claros, receitas muito boas e são muito rentáveis", disse Guindos.

No entanto, acrescentou, pode ocorrer uma correção, porque "as avaliações são elevadas, os prémios de risco estão comprimidos e a volatilidade é baixa".

"Existe a possibilidade de acidente, mas a situação não é comparável à de 2000", segundo Guindos.

As bolsas de todo o mundo tinham subido nos anos anteriores devido à alta de empresas ligadas à internet, mas muitas dessas empresas faliram posteriormente porque careciam de um modelo de negócios sólido e de rentabilidade.

Agora a correção afetaria, sobretudo, os EUA, onde estão as sete magníficas, como são conhecidas as sete tecnológicas norte-americanas Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta, Nvidia e Tesla, que concentram o investimento em IA.

Mas também para a Europa, porque investidores institucionais, como fundos de pensão e de investimento, investiram nessas empresas.

O setor financeiro não bancário, como seguradoras, fundos de investimento e fundos de pensões, poderia amplificar a queda e as tensões nos mercados, segundo o relatório do BCE.

Desajustamentos de liquidez em fundos de investimento abertos, o elevado endividamento dos fundos de alto risco e a opacidade dos mercados privados poderiam amplificar a tensão no mercado.

No momento, a situação é benigna porque os investidores consideram que muitas empresas vão aplicar a IA e aumentar os lucros.

Mas notícias dececionantes a esse respeito podem desencadear a correção dos preços das ações de tecnologia e o contágio para outros ativos e outras regiões.

Sede do BCE, em Frankfurt.
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