O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, escreveu ao presidente do Conselho Europeu, António Costa, a apelar que o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) da União Europeia “mantenha dotações específicas” para as regiões ultraperiféricas.Na carta enviada a António Costa e a que a agência Lusa teve acesso esta segunda-feira, 10, o líder do executivo açoriano de coligação PSD/CDS-PP/PPM refere que escreveu ao presidente do Conselho Europeu “impulsionado por uma necessidade e um sinal de confiança”.“A necessidade decorre de uma posição própria da Região Autónoma dos Açores, que defende uma mudança na proposta da Comissão Europeia sobre o futuro QFP pós 2027. O sinal de confiança decorre do nosso conhecimento institucional e pessoal da sua pessoa e capacidades”, justifica.Bolieiro salienta que escreve a António Costa como presidente do Conselho Europeu, “mas igualmente acompanhado da sua reconhecida competência para exercer a sua hábil magistratura de influência na liderança dessa decisiva instituição da União Europeia”.Na carta, o líder do Governo Regional dos Açores defende que o próximo QFP “mantenha dotações específicas para as RUP, o POSEI, bem como taxas de cofinanciamento a 85%, essas sim ajustadas às suas limitações, e mantenha um modelo de participação efetiva na definição e execução das políticas que lhes dizem respeito”.“A integração plena das RUP nos programas europeus é essencial para garantir a sua participação nas dinâmicas de desenvolvimento da União [Europeia]”, vinca.Em anexo à missiva, José Manuel Bolieiro enviou a Costa a comunicação que proferiu em Bruxelas, na quinta-feira, e que “detalha a posição do Governo Regional dos Açores e fundamenta a necessidade de revisão da proposta do QFP pós 2027 da Comissão Europeia”.O presidente do Governo dos Açores defendeu em Bruxelas que o QFP 2028-2034 representa um “retrocesso preocupante” para as RUP, porque se “elimina a diferenciação” destas regiões no quadro europeu.Segundo José Manuel Bolieiro, ao “fundir-se políticas históricas num fundo único, os chamados Planos Nacionais e Regionais de Parceria, elimina-se a diferenciação que sempre caracterizou a abordagem europeia às RUP”.O líder do executivo açoriano intervinha num seminário promovido pela associação Eurodom, fundada em 1989 visando representar as regiões ultraperiféricas francesas.O chefe do executivo dos Açores recordou que o artigo 349.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia “consagra a obrigação de políticas diferenciadas e adaptadas às especificidades das RUP”.“Este princípio tem sido a base de mais de três décadas de políticas europeias que permitiram avanços concretos no desenvolvimento económico e social destas regiões. Não há, pois, razão para recuar neste compromisso, que é jurídico, político e moral”, afirmou o presidente do Governo dos Açores.De acordo com Bolieiro, esta “centralização orçamental dilui as prioridades territoriais, enfraquece a autonomia regional e compromete a eficácia da política de coesão”.Bolieiro acentuou que a “ausência de dotações financeiras protegidas para as RUP ameaça os progressos alcançados em convergência económica e social, colocando em risco a soberania alimentar, a estabilidade social e o desenvolvimento sustentável das regiões”.O governante considerou que a eventual eliminação do POSEI – Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade das RUP, e dos apoios à estruturação das cadeias produtivas, “seria desastrosa para os Açores, fortemente dependente de importações”, devendo ser “mantido e reforçado no próximo QFP”.Em julho, a Comissão Europeia propôs um novo orçamento da UE a longo prazo, para 2028-2034, de dois biliões de euros, acima dos 1,2 biliões do atual quadro, que inclui mais contribuições nacionais e três novos impostos..Açores. Bolieiro garante Finanças Públicas sustentáveis