China continua a reduzir carteira de dívida dos EUA, que atinge mínimos desde 2008

Valor caiu de 700,5 mil milhões de dólares (597 mil milhões de euros) em setembro para 688,7 mil milhões de dólares (587 mil milhões de euros) em outubro, o registo mais baixo desde novembro de 2008.
China continua a reduzir carteira de dívida dos EUA, que atinge mínimos desde 2008
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Pequim reduziu em outubro a sua carteira de dívida pública norte-americana para o nível mais baixo desde 2008, refletindo preocupações sobre a sustentabilidade da dívida norte-americana e a independência da Reserva Federal, noticiou esta sexta-feira, 19, o South China Morning Post.

Segundo dados do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos citados pelo jornal de Hong Kong, o valor caiu de 700,5 mil milhões de dólares (597 mil milhões de euros) em setembro para 688,7 mil milhões de dólares (587 mil milhões de euros) em outubro, o registo mais baixo desde novembro de 2008.

Este valor representa uma queda de 47% face ao pico de novembro de 2013, quando Pequim detinha cerca de 1,32 biliões de dólares (1,12 biliões de euros) em títulos do Tesouro norte-americano, segundo a empresa de dados financeiros chinesa Wind.

A retirada progressiva de fundos começou no primeiro mandato de Donald Trump (2017–2021), e, em março deste ano, a China caiu para a terceira posição entre os maiores detentores estrangeiros de dívida dos EUA, atrás do Japão e do Reino Unido. Dois meses depois, a carteira caiu para mínimos desde 2009.

Esta semana, Yu Yongding, ex-assessor do Banco Popular da China, advertiu num artigo para os riscos crescentes associados aos ativos denominados em dólares, apelando à redução da dependência de mercados externos, “especialmente dos EUA”, e à minimização do que descreveu como “a armadilha do dólar”.

Segundo o economista, a China poderá ser “a força decisiva” a pôr fim aos dois pilares da balança de pagamentos dos EUA: o domínio global do dólar – sustentado pelo poder militar – e mercados financeiros dinâmicos impulsionados pela inovação tecnológica.

A par da venda de dívida, Pequim tem reforçado a diversificação das suas reservas externas: em novembro, comprou ouro pelo décimo terceiro mês consecutivo, acumulando um total de 310.600 milhões de dólares (264 mil milhões de euros) em reservas do metal precioso, considerado um ativo de refúgio em períodos de instabilidade.

Apesar da trégua comercial de um ano assinada em outubro entre Washington e Pequim, as duas potências acumularam meses de tensões desde o regresso de Trump à Casa Branca, alimentando especulações sobre uma eventual venda maciça de dívida norte-americana por parte da China.

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