A Comissão Europeia propôs esta quinta-feira, 4, dar mais poderes à Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA, na sigla inglesa) para monitorizar intervenientes financeiros como bolsas de valores e prestadores de serviços de criptoativos.Em causa está um pacote hoje divulgado em Bruxelas para tornar os mercados financeiros da União Europeia (UE) mais integrados, no âmbito do qual o executivo comunitário quer “resolver inconsistências e complexidades resultantes de abordagens nacionais fragmentadas, tornando a supervisão mais eficaz e favorável às atividades transfronteiriças e respondendo ao mesmo tempo a novos riscos”.Argumentando que “as melhorias no quadro de supervisão estão intimamente ligadas à remoção de barreiras regulamentares”, a instituição propõe transferir para a ESMA “competências diretas de supervisão sobre infraestruturas de mercado significativas”, como certas plataformas de negociação incluindo as maiores bolsas de valores, câmaras de compensação ligadas, depositários centrais de valores mobiliários e todos os prestadores de serviços de criptoativos.Isto permitiria ao regulador europeu dos mercados financeiros, por exemplo, resolver litígios entre reguladores nacionais.Além disso, a instituição quer “reforçar o papel de coordenação da ESMA no setor da gestão de ativos”.A UE funciona com uma infraestrutura financeira dispersa uma vez que existem dezenas de bolsas de valores, várias câmaras de compensação e muitos depositários centrais a operar separadamente.Além disso, a supervisão não é centralizada já que cada país tem o seu próprio regulador, o que leva a que a gestão dos mercados comunitários seja fragmentada e desigual.Esta fragmentação reflete-se também na estrutura dos próprios mercados: em 2024, a capitalização bolsista da UE correspondia a apenas 73–80% do PIB, muito abaixo dos 270–320% nos Estados Unidos, revelando mercados menos integrados.Acresce que o financiamento das empresas através dos mercados de capitais continua significativamente inferior ao modelo norte-americano, evidenciando como a heterogeneidade regulatória e supervisora da UE ainda limita o desenvolvimento de um verdadeiro mercado único europeu.Em conferência de imprensa em Bruxelas, a comissária europeia para os Serviços Financeiros e a União da Poupança e do Investimento, Maria Luís Albuquerque, defendeu “um mercado europeu que funcione melhor para todos”, sem a UE “querer copiar o modelo norte-americano”.“Esta [proposta hoje apresentada] é a forma mais eficiente e mais eficaz […] e todas as evidências indicam que precisamos desta integração”, adiantou.A ESMA é o regulador da UE responsável por reforçar a proteção dos investidores e garantir a estabilidade e transparência dos mercados financeiros.No “pacote abrangente de medidas destinadas a remover barreiras e desbloquear todo o potencial do mercado único da UE para os serviços financeiros”, hoje publicado, o executivo comunitário propõe ainda eliminar barreiras à integração nas áreas de negociação, pós-negociação e gestão de ativos, remover barreiras regulamentares à inovação e reduzir os encargos regulamentares.Este mandato da Comissão Europeia visa aumentar a competitividade económica da UE face aos principais concorrentes, como os Estados Unidos.O pacote proposto terá agora de ser negociado e aprovado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, sendo que alguns países (como centros financeiros como o Luxemburgo e a Irlanda) temem abdicar de poderes de supervisão nacional..Comissão Europeia aprova proposta de Orçamento de Portugal mas na versão original do Governo