A Comissão Europeia vai suspender o Acordo de Associação que a União Europeia mantém com Israel, "no que diz respeito às questões comerciais". Nos planos está ainda a aplicação de um rol de sanções.O anúncio foi feito por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Num discurso que durou mais de 40 minutos, a responsável fez saber que a UE vai retirar "todos os pagamentos" no âmbito da relação bilateral com o Estado de Israel (exceção feita a organizações da sociedade civil e ao Yad Vashem, memorial dedicado às vítimas do Holocausto e respetivo centro de pesquisa).Em causa está a intenção de colocar barreiras à guerra na Faixa de Gaza, numa altura em que Israel estendeu os ataques ao Qatar, país que tem sido mediador do conflito.No mesmo discurso, von der Leyen fez saber que a Comissão Europeia vai ainda propor sanções específicas contra "ministros extremistas" do governo israelita.O seu Estado da União, a presidente da Comissão Europeia reforçou as ideias de unidade, independência, liberdade e segurança. E foi perentória mais do que uma vez, ao afirmar que "a Europa defenderá cada milímetro do seu território". No mesmo dia em que drones russos foram abatidos em território polaco, naquela que foi a primeira incursão do Kremlin em território de um membro da NATO, as suas palavras tomaram novo sentido."Devemos investir em vigilância espacial em tempo real para que nenhuma movimentação de forças nos passe despercebida. Temos de responder ao apelo dos nossos amigos bálticos, que há muito pressionam no sentido da construção de um muro de drones que negue aos adversários o elemento surpresa", propôs. "Esta não é uma ambição abstrata. São os fundamentos de uma defesa credível".Combate à desinformaçãoA presidente da Comissão Europeia fez ainda questão de falar das dificuldades enfrentadas pelos meios de comunicação social tradicionais em toda a Europa, um cenário "extremamente perigoso para a Democracia", sublinhou."Em muitas zonas rurais, os tempos em que se ia comprar um jornal local não passam de uma saudosa recordação. Esta situação deu azo a desertos noticiosos que são terreno fértil para a desinformação. Isto é extremamente perigoso para a nossa democracia".E continuou, avisando que "quando os meios de comunicação social independentes são suprimidos ou neutralizados, a nossa capacidade de monitorizar a corrupção e preservar a democracia torna-se muito fraca. Por isso, a primeira medida do manual de um autocrata é sempre a tomada dos meios de comunicação social independentes. Desta forma, permite-se que os retrocessos e a corrupção aconteçam a coberto". "Temos, pois, de envidar mais esforços para proteger os nossos meios de comunicação social e a imprensa independente. Para o efeito, vamos lançar um novo programa para a resiliência dos média - que irá apoiar o jornalismo independente e a literacia mediática", anunciou a responsável.Leia aqui todo o discurso do Estado da União, proferido esta manhã por Ursula von der Leyen em Estrasburgo.