A economia portuguesa criou mais de 148 mil postos de trabalho no segundo trimestre face a igual período de 2024, superando agora a marca recorde e histórica de quase 5,3 milhões de empregos, fruto do aumento de 2,9%, o maior desde a reta final da pandemia, quando a economia estava a recuperar da destruição dos confinamentos, mostram dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira.O impulso veio, essencialmente de duas grandes classes profissionais. Pelas contas do DN, o maior contributo procede do grupo “trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores”, onde, diz o INE, estão “assistentes de viagem, comissários de bordo, guias turísticos, cozinheiros, empregados de mesa, empregados de bar, cabeleireiros, esteticistas, manicures”, mais vigilantes, porteiros, guardas, bombeiros, polícias e vendedores de toda a ordem. Só neste grupo, a criação de emprego chegou quase a 85 mil casos no ano que terminou em junho passado.O segundo maior impulso veio dos “especialistas das atividades intelectuais e científicas”, onde estão cientistas, engenheiros, professores, médicos, advogados, artistas (escritores, músicos, pintores) e consultores. O balanço feito pelo INE aponta para mais de 64,3 mil novos empregos, também segundo cálculos do DN.Os dois somados dão mais 149 mil postos de trabalho, mais do que a criação líquida de emprego total a nível nacional.Ou seja, mais do que compensaram a destruição de empregos noutras profissões, como é o caso da perda de 17 mil postos no grupo “agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta”, de menos nove mil nos “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos” e da quebra de mais de sete mil empregos entre os operadores de máquinas e da montagem (mais ligados à construção civil e obras).Por atividades, o INE diz que os maiores contributos para a criação de emprego vieram dos empregados no sector dos serviços (mais 123,2 mil no ano que acaba em junho ou uma subida homóloga de 3,3%), “nomeadamente no conjunto das secções de atividade G (comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos), H (transportes e armazenagem) e I (alojamento, restauração e similares), cujo aumento (63,3 mil; 4,9%) representou 51,4% da variação do sector”.Desemprego em mínimosA taxa de desemprego portuguesa caiu para 5,9% da população ativa no segundo trimestre, que será um dos valores mais baixos dos últimos 20 anos. Fora o tempo da pandemia, em que o peso do desemprego tocou estes níveis, é preciso recuar a 2002 para encontrar valores inferiores aos 5,9% revelados pelo INE.De acordo com as novas Estatísticas do Emprego, o peso da população desempregada iguala assim os 5,9% registados no segundo e terceiro trimestres de 2022, altura em que a economia estava a recuperar ainda com muita força dos efeitos destruidores da pandemia covid-19 que arrasaram com as dinâmicas normais do mercado de trabalho.Nesta série do INE, que remonta ao início de 2011, só houve um valor de taxa inferior (5,7%), mas este foi o registo do segundo trimestre desse ano conturbado, o primeiro da pandemia, uma época totalmente atípica para o mercado de trabalho.Com os confinamentos da pandemia e as fortes restrições à mobilidade, milhares de pessoas sem trabalho não puderam sequer procurar emprego e as muitas empresas que eventualmente podiam contratar foram obrigadas a fechar temporariamente, tendo muitas depois falido.As séries longas do Banco de Portugal (que remontam a 1977, mas seguem uma metodologia ligeiramente diferente da do INE) mostram que no segundo trimestre de 2002 a taxa de desemprego foi de 5,9%.Oficialmente, há 329 mil desempregados em Portugal. O instituto explica que este contingente de pessoas sem trabalho, mas que procuraram ativamente uma ocupação, “diminuiu 9,9% (36,3 mil) em relação ao trimestre anterior e 0,8% (2,5 mil) relativamente ao trimestre homólogo”.A taxa de desemprego jovem (16 a 24 anos) também está a recuar. “Foi estimada em 18,1%”, diminuindo quase quatro pontos percentuais face há um ano.O peso do desemprego caiu em todas as regiões do país menos na Grande Lisboa e na Península de Setúbal. Em Lisboa, o aumento foi de 0,1 pontos percentuais para 6,5%. Na região de Setúbal, o nível de desemprego agravou-se em 0,6 pontos, atingindo uma taxa total regional de 8,6% da respetiva população ativa..Taxa de desemprego cai para 5,9%, um dos valores mais baixos dos últimos 20 anos