As empresas estão com dificuldades em contratar trabalhadores para funções "técnicas e operacionais", nomeadamente para a logística, transporte ou até empregados de mesa, para fazer face ao habitual 'pico' de atividade no Natal, segundo recrutadoras ouvidas pela Lusa.Retalho, logística, armazenamento e transporte, indústria alimentar, hotelaria e restauração e a área do e-commerce (comércio eletrónico) e apoio ao cliente são alguns dos setores que mais recorrem à contratação temporária para fazer face "à procura acrescida" durante o período festivo.E, apesar de, regra geral, as recrutadoras ouvidas pela Lusa referirem que se está a verificar um aumento da procura por parte das empresas para soluções de trabalho temporário, admitem dificuldades em encontrar candidatos para funções "técnicas e operacionais"."As dificuldades de contratação acabam por se estender a todas as áreas, mas são particularmente notórias em funções técnicas e operacionais, nomeadamente em logística especializada, motoristas com cartas específicas, operadores de armazém qualificados e técnicos de produção", afirma Daniela Lourenço, brand leader da Manpower.Já no caso da hotelaria e restauração, "a fluência em línguas estrangeiras, sobretudo o inglês, é um requisito que continua a limitar o número de candidatos disponíveis", acrescenta.A posição é partilhada por António Carvalho, temp & perm business diretor da Gi Group, que indica que "o maior desafio" prende-se com as "áreas de logística, transporte e produção, onde a procura é muito elevada e a disponibilidade de candidatos é reduzida".Por sua vez, fonte oficial da iU Talent faz referência a "empregados de mesa, cozinheiros, rececionistas e operadores de armazém" e sublinha que o facto de Portugal estar perto do pleno emprego, "com níveis de desemprego historicamente baixos", e "dois fatores estruturais" são os principais entraves à contratação destes profissionais.Segundo esta recrutadora, entre os "fatores estruturais" está, por um lado, "a saída de jovens para o estrangeiro" e, por outro, "a revalorização de alguns setores, como o tecnológico e o administrativo, que acabam por absorver profissionais com perfis versáteis que antes se dirigiam ao retalho ou à hotelaria", explica."O resultado é uma escassez sentida, especialmente em trabalhos que exigem presença física, horários por turnos ou picos de intensidade, típicos do Natal", acrescenta.Por sua vez, Pedro Empis, diretor operacional de soluções de talento da Randstad, destaca que "as áreas muito baseadas em pessoas" são aquelas em que se verifica maior dificuldade na contratação e principalmente "quando as localizações e horários não vão ao encontro do que os candidatos procuram".Apesar destas dificuldades, à exceção da iU Talent, as restantes recrutadoras ouvidas pela Lusa indicam que a procura tem aumentado, ainda que as empresas estejam cautelosas nas contratações."A procura por soluções de trabalho temporário tem vindo a crescer", nota a Gi Group, referindo acreditar que "este cenário está a ser influenciado por uma maior cautela das empresas face à instabilidade económica"."Também sentimos que as empresas estão a antecipar os processos de recrutamento e a apostar em equipas maiores para dar resposta à procura crescente", acrescenta.Também a Manpower denota "uma maior prudência por parte das empresas, reflexo da conjuntura económica que se tem sentido ao longo de 2025", indicando que este ano os pedidos para reforço de equipas no Natal estão "chegar mais tarde do que o habitual"."Neste momento, temos mais empresas do que o habitual em outubro a partilhar connosco as suas perspetivas de recrutamento, ainda que sem efetivar processos. Percebe-se que as empresas estão a decidir com mais prudência, ajustando volumes em função das encomendas e da procura real", explica Daniela Lourenço.E enquanto a Randstad aponta para um aumento da procura este ano, "em particular no retalho, indústria alimentar e logística", e cujos "crescimentos variam entre os 10% e os 30%", a iU Talent aponta para um cenário inverso, sublinhando que a tendência de quebra "é generalizada" e afeta "os três setores que mais procuram reforço de equipas nesta altura": hotelaria, com uma queda de 9,9%; o atendimento, com uma descida de 8,1%, e a logística e distribuição, com uma redução de 0,7%.Para colmatar as dificuldades de recrutamento e atrair candidatos, as empresas 'acenam' com incentivos como prémios de desempenho, subsídios de refeição e transporte ou a possibilidade de integração futura. .Empresas de turismo crescem mais em faturação e emprego, mas são menos sólidas, aponta Estudo