Fontes oficiais e interlocutores do sector afirmam que a administração norte‑americana está a reconsiderar o calendário para a imposição das tarifas sobre semicondutores, anunciadas no verão como potencialmente próximas de 100%. As conversas mantidas nos últimos dias apontam para um adiamento ou uma redução do âmbito das medidas, numa tentativa de evitar um confronto comercial com a China que poderia perturbar cadeias de abastecimento críticas, avança a Reuters, esta quinta-feira, 20.De acordo com várias fontes com conhecimento direto das negociações, responsáveis governamentais têm comunicado a empresas e entidades públicas que a aplicação imediata das taxas está a ser reavaliada. “Nenhuma decisão é definitiva até ser assinada pela administração”, advertiram as fontes, que, contudo, não excluem a hipótese de tarifas “de três dígitos” serem aplicadas mais tarde.A Casa Branca rejeitou relatos de mudança de postura. Kush Desai, porta‑voz presidencial, afirmou que a administração de Trump "permanece comprometida em usar todos os instrumentos do poder executivo para trazer de volta a produção crítica para a nossa segurança nacional. Qualquer reportagem anónima em sentido contrário é simplesmente Fake News”. Um responsável do Departamento do Comércio acrescentou que “não há alteração na política do departamento relativamente às tarifas 232 sobre semicondutores.”O cenário político e económico explica a prudência. A administração procura conciliar objetivos industriais — incentivar a relocalização da produção de chips para os EUA — com o risco político e económico de reabrir um confronto tarifário com Pequim. A China continua a ser um fornecedor central de semicondutores e de componentes essenciais; um conflito escalado poderia interromper o fornecimento de matérias‑primas e dispositivos e provocar efeitos adversos sobre os preços ao consumidor.A decisão assume também importância doméstica. Um agravamento dos custos de importação de semicondutores podia traduzir‑se em aumentos de preço para produtos eletrónicos do dia a dia, desde smartphones a eletrodomésticos, num momento em que a inflação e a pressão sobre os orçamentos familiares são temas sensíveis para o executivo antes da época de compras.De recordar que durante a cimeira de Busan, Washington e Pequim acordaram suspender certas disputas, mas altos‑responsáveis norte‑americanos advertiram ainda os chineses sobre potenciais medidas de segurança nacional nos próximos meses. A embaixada chinesa em Washington incentivou a cooperação e pediu a implementação dos consensos de Busan para “manter a estabilidade da cadeia global de semicondutores”, disse um porta‑voz do governo chinês.Em causa estão decisões que irão definir, a prazo, a estratégia industrial dos EUA, o custo final de muitos produtos electrónicos e a estabilidade de uma cadeia de valor global altamente interdependente..Trump promete taxas "bastante significativas" sobre semicondutores