Fitch sobe rating de Portugal para 'A' com perspetiva "Estável"

Redução da dívida, excedentes orçamentais e melhoria das contas externas foram decisivos para a agência de notação financeira.
Fitch sobe rating de Portugal para 'A' com perspetiva "Estável"
D.R.
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A agência de notação financeira Fitch Ratings subiu, esta sexta-feira, 12 de setembro, o rating de Portugal de 'A-' para 'A', mantendo uma perspetiva "Estável". Na sua análise, a Fitch justifica a decisão com a contínua redução da dívida pública, um desempenho orçamental superior à maioria dos pares e um forte processo de desalavancagem externa.

Um dos principais fatores para esta subida foi a "contínua redução da dívida". O rácio da dívida pública caiu de um pico de 134,1% do PIB em 2020 para 96,4% no primeiro trimestre de 2025, representando uma das maiores descidas entre os países avaliados pela agência. A Fitch prevê que a dívida continue a descer para 88,4% até ao final de 2027. Este desempenho é sustentado por um "crescimento robusto e excedentes primários consideráveis", pode ler-se em comunicado.

No plano orçamental, Portugal continua a destacar-se. A agência projeta um excedente de 0,1% do PIB em 2025, em forte contraste com a mediana dos países com notação 'A', que aponta para um défice de 2,9%. A partir de 2026, a Fitch antecipa um ligeiro défice de 0,7% do PIB, devido ao aumento do investimento público e a novos cortes de impostos.

A melhoria das contas externas é outra das razões para a decisão. O excedente da balança corrente aumentou para 2,2% do PIB em 2024, e a agência projeta uma média de 1,3% para o período 2025-2027. Esta melhoria reflete o forte desempenho das exportações de serviços, em particular do turismo, e a redução do défice energético. A dívida externa líquida caiu para 31,9% do PIB no final de 2024, o valor mais baixo em mais de duas décadas.

A agência prevê que o crescimento do PIB português atinja 1,8% em 2025 e acelere para 2,2% em 2026, superando a média da zona euro. Este dinamismo é atribuído ao aumento dos rendimentos reais, a um mercado de trabalho robusto e ao investimento público apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A Fitch considera ainda que, apesar de o governo da Aliança Democrática ser minoritário, o resultado das eleições de maio de 2025 apoia uma "ampla continuidade das políticas", não antecipando obstáculos significativos à aprovação do orçamento do Estado para 2026.

Para o futuro, uma nova subida do rating dependerá da "maior confiança numa redução acentuada do rácio da dívida pública a médio prazo" e de "melhores perspetivas de crescimento". Pelo contrário, uma eventual descida poderia ser causada por uma falha em manter a dívida numa trajetória descendente ou por um "severo abrandamento económico".

Governo fala em "reconhecimento do trabalho"

Esta decisão da Fitch é um “reconhecimento do trabalho” feito pelo Governo, famílias e empresas, disse o Ministério das Finanças, em comunicado.

Na nota, a tutela disse que “esta decisão é mais uma conquista para Portugal e o reconhecimento do trabalho que está a ser feito pelo Governo, pelas famílias e empresas, no sentido de promover o crescimento da economia, garantir o equilíbrio das contas públicas e a redução sustentada da dívida pública”.

A tutela lembrou que se trata “da segunda revisão em alta do ‘rating’ para Portugal em apenas duas semanas”, sendo que “no final do mês de agosto, também a Standard & Poor’s (S&P) elevou a notação da dívida de ‘A’ para ‘A+’”, salientou.

“Sendo o 'rating' determinante para a forma como o país é percecionado pelos investidores externos e para os custos do seu financiamento, esta segunda subida da notação financeira é uma excelente notícia para Portugal e para os portugueses”, salientou.

O Governo disse ainda que a Fitch assinalou que “Portugal é dos países que mais conseguiu reduzir a dívida pública, entre aqueles que são analisados, mantendo uma política orçamental prudente e um crescimento robusto”.

Destacou ainda que “o país tem registado melhor desempenho orçamental do que os seus pares” e que “a redução do endividamento externo e as perspetivas para a economia portuguesa, com um crescimento superior à média da zona euro em 2026 e 2027”, são também destacadas de forma positiva.

Com Lusa

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