"Há risco de perda de independência na Reserva Federal" dos EUA, diz vice-governadora do BdP

Clara Raposo, que falava na conferência “O Poder de Fazer Acontecer”, em Lisboa, respondia a uma questão relativamente aos nomes dos possíveis sucessores de Jerome Powell na presidência da Fed.
Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal. Foto: Leonardo Negrão
Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal. Foto: Leonardo Negrão
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A vice-governadora do Banco de Portugal (BdP), Clara Raposo, disse esta quarta-feira, 5, que há "risco de perda de independência" na Fed, mas seria necessário que um “número suficiente de membros” do comité da Reserva Federal cedesse às pressões.

Clara Raposo, que falava na conferência “O Poder de Fazer Acontecer” organizada pelo jornal de Negócios em Lisboa, respondia a uma questão relativamente aos nomes dos possíveis sucessores de Jerome Powell na presidência da Fed.

Na resposta, a vice governadora referiu que seria necessário que “um número suficiente de membros do ‘board’ passasse a tomar as decisões não de acordo com a sua análise económica […] mas por pressão e cedendo a determinado tipo de pressão política do presidente”.

A responsável ressalvou que o que é importante é manter a “independência dos bancos centrais e da Reserva Federal nos Estados Unidos”, pois são instituições que estão a “tomar decisões sobre política monetária e que têm impacto para a estabilidade financeira”.

“Que é assim uma pré-condição para todos nós conseguirmos fazer melhor previsão das condições macrofinanceiras para o futuro, isso é que é importante estar defendido”, acrescentou.

Clara Raposo notou também que qualquer decisor está sujeito a “uma pressão” política: “Nós estamos sujeitos em qualquer país, em qualquer banco central, a ouvirmos a opinião dos políticos ou determinados decisores sobre as medidas que estamos a tomar”.

A vice-governadora defendeu que o importante é ouvir todas as opiniões e analisar toda a informação e, aquando da tomada da decisão, ser guiado pelos princípios da estabilidade financeira.

“O que é importante é ouvirmos todas essas opiniões, analisarmos toda a informação que recebemos, mas quando estamos a tomar as decisões e a formar a nossa própria opinião, sermos guiados apenas pelos princípios de garantir o que é o mandato, a estabilidade de preços, estabilidade financeira”, disse.

Clara Raposo reiterou ainda a responsabilidade “grande” dos bancos centrais enquanto “padrão de confiabilidade”, garantindo que as decisões são “seguras para o mundo”.

“Há sempre uma responsabilidade grande também nos bancos centrais do lado cá do Atlântico e sim, acho que se sente o peso da responsabilidade acrescida de sermos ali um padrão de confiabilidade”, afirmou.

Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal. Foto: Leonardo Negrão
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