O Governo português está sob forte pressão da Comissão Europeia para reverter os apoios concedidos ao Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), implementados durante o surto inflacionista. Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, afirma que a retirada desses apoios será feita de forma gradual a partir do próximo ano, aproveitando “momentos de baixa dos preços” e tentando que os consumidores não sintam o impacto.Em entrevista ao Jornal Económico, publicada esta terça-feira, 21 de outubro, Miranda Sarmento destacou que, com a normalização da inflação, o Governo já iniciou uma “revisão parcial” dos apoios, especialmente no que diz respeito ao descongelamento da taxa de carbono. “Aproveitámos momentos de descida das cotações do petróleo nos mercados, para que os consumidores não sentissem o agravamento do preço final na bomba”, explicou.Com a pressão de Bruxelas para eliminar os apoios, o Governo pretende repetir a estratégia anterior, iniciando a reversão no próximo ano. Este processo será realizado “fora do Orçamento do Estado” e visa garantir que os consumidores não sejam excessivamente afetados.O ministro também afirmou que a despesa corrente primária, que exclui medidas pontuais e o impacto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “mantém-se estável nos últimos anos, em torno de 36,5% do PIB, confirmando o controlo da despesa permanente”. Miranda Sarmento assegura que, “ao mesmo tempo que estamos a valorizar os trabalhadores da Administração Pública e a repor a perda de poder de compra sofrida com o programa de ajustamento”, o Governo consegue manter a estabilidade financeira.