A Rússia considerou esta quarta-feira, 3, que o acordo dos países europeus para terminar as importações de gás russo no outono de 2027 vai acelerar a perda de poder da União Europeia (UE).“A Europa está a condenar-se a fontes de energia mais caras, o que, inevitavelmente, apenas irá acelerar o processo de perda” de poder da UE, afirmou o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).Peskov precisou que a decisão “inevitavelmente acarretará consequências para a economia europeia e uma diminuição da sua competitividade”.“Isso apenas irá acelerar o processo, iniciado nos últimos anos, de perda de potencial de liderança por parte da economia europeia”, acrescentou.Peskov comentava o acordo preliminar alcançado na terça-feira à noite entre deputados do Parlamento Europeu (PE) e a presidência da UE sobre a interdição das importações de gás russo no outono de 2027.A medida insere-se nas sanções contra a Rússia adotadas pelos aliados ocidentais da Ucrânia pela guerra iniciada por Moscovo em fevereiro de 2022.O objetivo é privar Moscovo de uma considerável fonte de rendimento que financia o esforço de guerra na Ucrânia, país do qual a UE é o mais fervoroso apoiante.A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou hoje o acordo preliminar, que descreveu como um “virar de página” na dependência energética da Rússia por parte da UE.O PE especificou num comunicado que as importações de Gás Natural Liquefeito (GNL) vão terminar o mais tardar em 31 de dezembro de 2026.As de gás de gasoduto finalizarão, o mais tardar, em 01 de novembro de 2027.O executivo de Bruxelas vai apresentar uma proposta legislativa sobre a questão no início do próximo ano, segundo a agência de notícias espanhola EFE.O acordo obriga os Estados-membros a apresentar planos nacionais de diversificação, exceto aqueles que já não comprem combustível russo, nem direta nem indiretamente, quando a regulamentação entrar em vigor.As aquisições estarão sujeitas a um regime de “autorização prévia”, com notificação à Comissão Europeia com pelo menos um mês de antecedência no caso do gás russo, e com cinco dias para o gás proveniente de outros produtores.O plano para acelerar a desconexão dos hidrocarbonetos russos foi concebido sob intensa pressão dos Estados Unidos para que a UE deixe de comprar gás à Rússia e adquira GNL norte-americano, segundo a EFE.Na conversa telefónica com os jornalistas, o porta-voz do Kremlin escusou-se a comentar a detenção na terça-feira da ex-chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini por suspeita de corrupção, alegando tratar-se de um assunto interno da UE.Peskov disse que a corrupção é “um fenómeno que existe por toda a parte” e contra o qual diferentes países e agrupamentos lutam com distintos níveis de eficácia.“No que se refere ao nosso país, aqui trabalha-se [contra a corrupção] sem grandes campanhas, mas sim de forma metódica, consequente e regular”, acrescentou.Mogherini e duas pessoas foram imputadas por uma alegada fraude na academia diplomática da UE, que foi organizada durante o ano letivo de 2021-2022 pelo Colégio da Europa de Bruges (Bélgica), através de um concurso.A diplomata italiana de 52 anos, que chefiou a diplomacia da UE entre 2014 e 2019, é reitora do Colégio da Europa desde 2020. .Von der Leyen fala em “dia histórico” por UE deixar de importar gás russo