PIB do euro cresce mais do que o esperado em 2026 por reação às ameaças tarifárias

Nas previsões económicas de outono, a Comissão Europeia avança com um crescimento de 1,3% este ano, mais do que os 0,9% anteriormente previstos.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.Foto: EPA / OLIVIER MATTHYS
Publicado a

A Comissão Europeia previu esta segunda-feira, 17, que o PIB da zona euro cresça 1,3% este ano, mais do que os 0,9% anteriormente previstos, devido à “capacidade de enfrentar choques” face às ameaças tarifárias norte-americanas.

Nas previsões económicas de outono, hoje publicadas, o executivo comunitário refere que o Produto Interno Bruto (PIB) da área da moeda única deverá avançar 1,3% este ano, mais 0,4 pontos percentuais do que previsto nas projeções de primavera divulgadas em maio passado.

Para 2026, é estimada uma subida de 1,2% do PIB, o que equivale a uma revisão em baixa, face aos 1,4% anteriormente projetados.

“O crescimento económico superou as expectativas nos primeiros nove meses do ano, com o crescimento real do PIB a ultrapassar a expansão anual projetada na primavera”, contextualiza a instituição, apontando que “o crescimento contínuo no terceiro trimestre demonstra a resiliência da economia europeia e a sua capacidade de enfrentar choques sem precedentes”.

Tendência semelhante verificou-se no conjunto da União Europeia (UE), já que a Comissão Europeia prevê que o PIB comunitário avance 1,4% este ano e no próximo, o que compara com anteriores previsões de 1,1% em 2025 e de 1,5% em 2026.

“Este desempenho melhor do que o esperado deveu-se inicialmente a um aumento das exportações antes das previstas subidas tarifárias, mas o investimento em equipamento e ativos intangíveis também superou as expectativas”, explica.

A Comissão Europeia atualiza hoje as suas previsões sobre o crescimento económico da zona euro e da UE, que à semelhança das anteriores continuam marcadas pela incerteza devido ao contexto mundial, apesar dos compromissos de Bruxelas e Washington para um entendimento comercial que permitiu sanar tensões.

Depois de projeções pessimistas de primavera divulgadas em maio passado, que foram as primeiras após os anúncios norte-americanos no início do ano de pesadas tarifas à UE, o executivo comunitário volta agora a publicar as previsões, referindo que “a economia da UE continua a gerar um crescimento moderado num contexto geopolítico e geoeconómico em rápida transformação, agravado por novos desafios internos”.

“Desde a previsão da primavera, o panorama do comércio global continuou a evoluir, fortemente influenciado por alterações na política comercial dos Estados Unidos e pelas medidas de resposta de outros países. Entretanto, as tensões geopolíticas mantêm-se elevadas, evidenciadas pela prolongada guerra da Rússia contra a Ucrânia e por ameaças a outros países, enquanto o plano de paz para Gaza, de outubro, oferece um vislumbre de esperança para a estabilidade regional no Médio Oriente”, elenca.

Acresce, pela negativa, os controlos chineses às exportações, que pressionam sobretudo o setor automóvel e transformador da UE.

Bruxelas aponta também que “as trajetórias das políticas orçamentais na UE refletem necessidades crescentes de despesa em defesa, mas são acompanhadas por incertezas políticas internas em alguns Estados-membros”.

E apela para que, perto do fim do Mecanismo de Recuperação e Resiliência previsto para agosto de 2026, os países façam esforços de “aceleração da execução eficaz dos seus PRR e ao aumento da utilização dos fundos de coesão em 2027, sobretudo nos países onde o investimento depende fortemente do apoio da UE”.

Nas previsões hoje divulgadas, a Comissão Europeia estima, na zona euro, uma dívida pública de 88,8% do PIB este ano, que será de 89,8% no próximo e de 90,4% em 2027. Na UE, estes valores são de, respetivamente, 82,8%, 83,8% e 84,5%.

O défice será, na zona euro, de 3,2% do PIB em 2025, 3,3% em 2026 e 3,4% em 2027. No conjunto da União, será de 3,3%, 3,4% e 3,4%, respetivamente.

No que toca ao desemprego, a taxa rondará os 6,3% na zona euro este ano, 6,2% no próximo e 6,1% no seguinte, percentagens que serão de, respetivamente, 5,9%, 5,9% e 5,8% na UE.

As próximas previsões, as de primavera, serão divulgadas em maio de 2026.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
Bruxelas atualiza projeções de crescimento na UE e zona euro

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt