A consultora WTW divulga que os aumentos salariais médios em Portugal situaram‑se nos 3,5% em 2025, com uma previsão de 3,4% para 2026, segundo os seus inquéritos Salary Budget Planning e General Industry Compensation and Benefits Survey 2025.Quase metade das empresas (49,5%) reduziu o orçamento salarial face a 2024, enquanto apenas 20,6% o aumentou, refletindo uma postura de contenção motivada pela gestão de custos e pelo receio de recessão. A inflação deixa de ser o factor predominante na tomada de decisões, dizem os autores do estudo.Geograficamente, a Grande Lisboa continua a ser o mercado mais remunerador. O Alentejo, Algarve e as regiões insulares pagam cerca de 25% menos que Lisboa; o Porto apresenta remunerações cerca de 7% inferiores, e Braga e Viana do Castelo situam‑se cerca de 15% abaixo.Analisando movimentos salariais para trabalhadores que mantiveram a mesma função, a mediana dos aumentos variou entre 2,5% e 6,0% em funções operacionais e de suporte, 2,5% a 4,0% em funções profissionais e 2,0% a 4,1% em cargos executivos.Por setor, os aumentos por promoção destacaram‑se na tecnologia, media & gaming (até 10%) e no retalho (cerca de 9%). Sandra Bento, Associate Director do departamento de Work and Rewards da WTW, afirma que “há uma aposta clara na valorização de profissionais e supervisores, especialmente em sectores tecnológicos, enquanto se mantém contenção nos aumentos para executivos e funções operacionais”.A escassez de talento mantém‑se como um dos principais desafios, pelo que as empresas estão a privilegiar upskilling e flexibilidade laboral, incluindo trabalho remoto. A WTW refere que 45% dos colaboradores consideram o pacote de benefícios uma das razões principais para permanecer na empresa.A prevalência de benefícios é elevada: 81% das empresas oferecem seguro de saúde e transporte, 80% programas de wellbeing e 75% seguros de risco. O seguro de saúde é um dos custos mais significativos, com inflação médica estimada em 12% (2024), 8% (2025) e 7% (2026).O estudo alerta também para questões de equidade salarial: nas funções de menor responsabilidade as mulheres ganham em média 3% a 4% mais do que os homens, mas essa diferença inverte‑se nos níveis superiores, acentuando desigualdades em cargos de liderança.O inquérito baseou‑se em dados de mais de 350 empresas portuguesas e remunerações de mais de 69.000 colaboradores, cobrindo cerca de 400 especialidades profissionais..Um terço dos trabalhadores aceitaria cortes no salário para ficar alguns dias em teletrabalho