Agosto está ainda a meio e as praias pejadas de turistas corroboram que é de descanso que se tecem os dias de muitos portugueses por esta altura. Embora o interregno de verão ainda não tenha chegado ao fim, para muitos é já tempo de planear as próximas férias e o fim de ano está já a ocupar a prioridade no planeamento de muitas famílias. A compra de viagens de residentes para o estrangeiro tem batido todos os recordes este ano e, depois de uma corrida aos pacotes para as férias durante a época alta, a procura volta a disparar para os últimos dias de 2025, com um aumento de 30% face ao ano passado. “Este é um crescimento muito agressivo o que nos dá algum otimismo para os valores agregados da operação deste ano. Esperamos que em 2025 consigamos superar os números recorde que obtivemos já no melhor ano de sempre, que foi 2024”, revela ao DN o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).Pedro Costa Ferreira explica que as reservas antecipadas para as viagens de passagem de ano estão, nesta altura, a avançar “a um maior ritmo face ao ano anterior”. O comportamento não surpreende, sublinha, relembrando o quadro idêntico nos primeiros meses de 2025, altura em que a compra de viagens para o verão “foi muito significativa” com um crescimento de 20%. Os últimos números disponíveis do INE confirmam o apetite mais elevado pelas viagens com destino ao estrangeiro que, só no primeiro trimestre deste ano, aumentaram 18,5%, totalizando 710,5 mil deslocações para geografias fora do território nacional. “O mercado está mais maduro, os portugueses estão a viajar mais, sem dúvida, apesar do aumento dos preços. Uma das principais ambições dos portugueses, depois de satisfazerem as necessidades mais primárias, é viajar”, aponta. .Viagens de luxo estão a crescer.Na reta final do ano, os destinos tradicionais que reúnem as preferências dos portugueses continuam a liderar, como são exemplos o Brasil, Cabo Verde e as ilhas da Madeira e dos Açores, mas há novidades no segmento de luxo. As viagens para países mais caros, como o Dubai, o Japão ou a Tailândia estão a ganhar músculo com as vendas a incrementar. “É absolutamente garantido e óbvio que as viagens de maior valor acrescentado e de maior preço estão a crescer. Não estranhamos porque é assim também na habitação e noutros serviços. Os restaurantes de luxo estão a crescer, provavelmente, mais do que a média, as casas de luxo também e, por isso mesmo, as viagens de luxo acompanham o ritmo”, indica Pedro Costa Ferreira. O presidente da APAVT atesta que a franja de mercado com maior poder de compra está “mais dinâmica”. “Poderíamos fazer algumas análises sociológicas e concluir que, eventualmente, isto possa estar a acontecer devido ao aumento das desigualdades. A grande verdade é que em todo o território nacional o consumo de maior valor acrescentado, em qualquer setor, está a subir e nas viagens também. Ainda assim, notamos dinamismo em todos os graus de rendimento e não podemos dizer que quem ganha menos dinheiro está a viajar menos porque não é verdade”, sublinha. O perfil do consumidor, prossegue, é também distinto nas viagens de réveillon o que confirma que são as famílias com maior disponibilidade financeira que optam por fazer escapadinhas lá fora para virar o ano. “Em princípio quem viaja no fim do ano também viajou no verão e, portanto, estamos a falar de famílias com um bocadinho mais de capacidade económica”, elucida. Estas segundas férias são também mais curtas devido ao calendário escolar no caso de agregados com crianças, mas a procura é mais expressiva noutra fileira de consumidor. “Há uma maior predominância de casais sem filhos ou casais com filhos mais velhos e que já são independentes. Portanto é realmente um outro tipo de público, embora naturalmente haja consumidores de todo o tipo a viajar nesta época”, ressalva. .Preços não refreiam procura.O período das férias de verão está a caminhar para o fim e os balanços preliminares apontam já para um desempenho histórico. A sede dos portugueses por viajar manifestou-se logo no início do ano com uma procura recorde junto das agências de viagens, o que se traduziu num incremento da faturação para os operadores. “Há quem esteja a faturar ao nível do ano passado e há quem esteja com crescimentos próximos dos 15%. No final, fica a certeza de que o mercado está a crescer e isto são boas notícias”, aplaude Pedro Costa Ferreira. Os preços também subiram, mas nem a fatura mais elevada refreou os ânimos por fazer as malas e atravessar a fronteira. “Há vários fatores para esta subida nos custos, que depois se traduzem nos preços dos pacotes. A mão de obra mais escassa em todo o mundo, o aumento dos preços na aviação e na hotelaria. Esta subida generalizada provocou, também, um aumento do lado dos pacotes que foram colocados no mercado”, assume. O responsável nota, ainda assim, que a oferta aumentou este ano. Ou seja, o maior número de destinos e pacotes disponíveis fomentaram a concorrência e, em muitos casos, nas opções charter, verificou-se um recuo nos preços através de campanhas promocionais. No verão, e à semelhança do que aconteceu nos últimos anos, as Caraíbas continuam a ser o destino estrela nas deslocações de longo-curso do mercado nacional. Cabo Verde, Tunísia, Egito, Marrocos, Itália, Croácia, e Albânia seguem-se no ranking das opções mais requisitadas. Numa análise mais fina, e comparando mapas, o presidente da APAVT nega que os portugueses estejam a optar por viajar para fora devido ao aumento dos preços em território nacional. “Não podemos dizer que os portugueses tenham abandonado o país, continuam a representar 30% do turismo que se faz cá dentro. O Algarve e a Madeira estão com excelentes ocupações e os Açores também registam uma boa performance. E também noutras regiões, como no Alentejo, no Centro ou no Porto e Norte se verificam crescimentos. Não tenho ideia de que os portugueses tenham substituído o destino turístico de Portugal pelo estrangeiro. Mas a verdade é que a procura pelo estrangeiro continua cada vez mais pujante”, constata. Pedro Costa Ferreira acredita que a vasta oferta permite ambos os cenários. “Evidentemente que, se compararmos uma oferta turística de alta qualidade em Portugal com uma operação charter para um destino mais barato em campanha, é mais barato ir nessa operação charter. Mas o inverso também é verdade. É possível ir de férias para o estrangeiro gastando menos do que em Portugal e é completamente normal ir para férias para o estrangeiro, gastando mais”, conclui..Turismo ajusta tarifas para ter casa cheia no verão. Preços no Alojamento Local caem até 30% .Autarquias duplicam receitas com taxa turística e amealham recorde de 65 milhões de euros até junho