Produtores chineses pedem proteção face à pressão das importações de carne bovina

Aumento da quota de mercado da carne importada terá provocado a descida dos preços do gado, perdas em explorações reprodutoras e um aumento do abate de fêmeas “para aliviar pressões financeiras”.
Produtores chineses pedem proteção face à pressão das importações de carne bovina
Sergei GAPON / AFP
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Organizações do setor pecuário na China pediram medidas urgentes contra as importações de carne de vaca, face à queda de preços e perdas generalizadas nas explorações locais, noticiou esta sexta-feira, 26, o jornal oficial Global Times.

Segundo o jornal, associações, empresas e criadores de gado atribuem o colapso da rentabilidade ao aumento da quota de mercado da carne importada, o que terá provocado a descida dos preços do gado, perdas em explorações reprodutoras e um aumento do abate de fêmeas “para aliviar pressões financeiras”.

O vice-secretário-geral da Associação Chinesa de Pecuária, Liu Qiangde, afirmou que o setor atravessa desde 2024 um período prolongado de “grandes perdas” e apelou à adoção de medidas “antes do fim do ano” para proteger a produção e estabilizar as expectativas do mercado.

Citado pelo jornal, o investigador Zhu Zengyong alertou que a redução da capacidade reprodutiva das vacas pode traduzir-se numa escassez de oferta durante vários anos, devido ao “longo ciclo produtivo” do gado bovino em comparação com o suíno ou o frango.

As declarações surgem a poucos dias do primeiro aniversário do início de uma investigação do Ministério do Comércio da China, lançada em 27 de dezembro de 2024, a pedido de associações nacionais, para avaliar o impacto das importações de carne bovina no mercado interno.

O inquérito analisa o crescimento das importações entre 2019 e 2024 e procura determinar se estão reunidas as condições para a imposição de tarifas ou outras medidas de salvaguarda temporárias.

Segundo dados oficiais citados na abertura do processo, as importações de carne de vaca aumentaram 64,9% entre 2019 e 2023 e mais de 100% na primeira metade de 2024 face a 2019, ultrapassando os 30% de quota de mercado.

O debate insere-se num contexto mais amplo de tensões comerciais entre a China e parceiros como a União Europeia, após Pequim impor tarifas à carne de porco e a produtos lácteos europeus, em resposta aos impostos aplicados por Bruxelas aos veículos elétricos chineses.

No entanto, eventuais tarifas sobre a carne de vaca importada teriam caráter geral e, em princípio, não visariam diretamente a UE, afetando também grandes exportadores como o Brasil, a Argentina ou a Austrália.

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