S&P sobe 'rating' de Portugal para 'A+', crescimento de 1,7% este ano e 2,2% no próximo

Ainda que a data de revisão estivesse agendada, analistas não esperavam esta revisão em alta.
Agência de rating Standard & Poor's.
Agência de rating Standard & Poor's.Justin Lane / EPA
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A agência de notação financeira S&P subiu esta sexta-feira, 29 de agosto, o 'rating' de Portugal para a classificação de ‘A+’, mas com a perspetiva a passar de positiva para estável.

A nota foi revista na avaliação periódica do ‘rating’ agendada para hoje e o resultado não era esperado por analistas de mercado, depois de a agência ter melhorado a nota de Portugal em fevereiro.

"Apesar de um ambiente comercial e geopolítico altamente incerto, Portugal deverá registar excedentes moderados na conta corrente e continuará a melhorar as suas métricas financeiras externas, caracterizadas por uma significativa desalavancagem da economia", aponta a agência de notação financeira.

A agência acrescenta ser "pouco provável que a crescente fragmentação parlamentar comprometa o histórico da trajetória política de Portugal".

"Sem uma maioria parlamentar, o governo terá de depender do Chega ou dos Socialistas para aprovar o Orçamento do Estado para 2026. Tendo descartado um pacto com o Chega, dependerá provavelmente da abstenção dos Socialistas, tal como aconteceu em 2024 para o Orçamento de 2025, em troca de algumas concessões", pode ler-se. "Os Socialistas ainda não definiram a posição do partido, mas a sua posição enfraquecida torna este resultado plausível", consideram os analistas.

E mesmo que o Orçamento para 2026 não seja aprovado, "Portugal pode recorrer ao plano orçamental fiscalmente sólido de 2025, enquanto as reformas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR/NGEU) prosseguem sem aprovação parlamentar, dando continuidade a um historial de políticas prudentes mantidas ao longo de três eleições antecipadas em quatro anos e múltiplas remodelações governamentais", diz a S&P.

Isto porque "a economia permanece resiliente, com os motores do crescimento económico a transitarem do investimento para as exportações no período de 2025-2028", escrevem os especialistas norte-americanos. "As tarifas dos EUA sobre as exportações de bens portugueses — têxteis, componentes automóveis e vinho — juntamente com os efeitos de contágio de um crescimento mais fraco na zona euro, irão pesar na atividade em 2025, [mas] estes efeitos são parcialmente compensados pelo investimento financiado pelo PRR e pelo consumo privado robusto, apoiado por medidas governamentais para proteger os salários reais

A agência de notação financeira prevê "crescimento económico de 1,7% em 2025, face a 1,9% em 2024", bem como "uma recuperação para 2,2% em 2026, à medida que a despesa do PRR atinge o seu pico, salvo novos choques comerciais".

O Ministério das Finanças reagiu a esta decisão sinalizando, em comunicado, que "é uma vitória para Portugal e para o caminho percorrido pelo país, pelas famílias e as empresas, nestes últimos anos", e que “resulta da política orçamental e das perspetivas de crescimento para a economia”.

O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.

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