O subsídio de Natal continua a ser um factor determinante no poder de compra das famílias portuguesas, sendo que 85% dos inquiridos na 17.ª edição do estudo “Compras de Natal” do IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing) afirmam recebê‑lo e a maioria pretende aplicar parte deste rendimento nas compras sazonais.O orçamento médio anunciado para as compras de Natal subiu para 398 euros, um aumento de 1,55% face a 2024, mas o IPAM realça que a subida é atribuída sobretudo à escalada dos preços e não a uma maior capacidade financeira dos consumidores. Entre quem prevê gastar menos, cortam‑se sobretudo presentes para adultos (75%) e decoração natalícia (82%).A pesquisa mostra uma adaptação dos comportamentos, sobretudo por razões económicas, assim o dizem 49% dos inquiridos — reduzindo despesas, oferecendo a menos pessoas ou antecipando compras para aproveitar promoções. Apesar deste ajuste, a prioridade nas despesas mantém‑se nas crianças, já que entre famílias com filhos, 100% prevê comprar prendas para menores até 12 anos.Nas preferências por tipo de produto, brinquedos lideram entre os mais novos (36,2%), seguidos de roupa e calçado (20,2%). Para adolescentes destacam‑se roupa/sapatos (37%) e jogos eletrónicos (19%). Em adultos, os bens mais procurados são roupa/sapatos (23%), acessórios (20%) e livros (18%).A digitalização do comércio continua a ganhar terreno, prova disso são os 34% dos inquiridos que afirmam que pretendem comprar exclusivamente online — acima dos 27% de 2024 — enquanto os centros comerciais mantêm relevância como principal opção para 18% dos consumidores. Quanto ao calendário de compras, 57% concentra as aquisições em dezembro e 39% antecipa‑as, principalmente para beneficiar de preços mais baixos e logística de entrega.“Os dados deste ano mostram que o consumidor português preserva as tradições do Natal, mas fá‑lo com maior sentido de prioridade e com uma atenção constante ao impacto da inflação”, afirmou Mafalda Ferreira, coordenadora do estudo e docente no IPAM Porto. “O ligeiro aumento do valor médio gasto não traduz maior poder de compra; traduz a necessidade de manter rotinas familiares numa conjuntura desafiante”, sublinha.De acordo com o IPAM, participaram no inquérito 560 pessoas entre 22 de novembro e 7 de dezembro de 2025, com amostra ponderada por classes sociais, constituindo uma ferramenta periódica de referência para analisar comportamentos de consumo na época natalícia..Famílias apertam o cinto no Natal e reduzem gasto médio para os 258 euros