O novo relatório da Randstad Research, divulgado esta terça-feira, 18, sobre trabalhadores com idades entre 55 e 64 anos pinta um quadro claro: os seniores estão a tornar‑se um dos pilares do mercado de trabalho português e a sua importância estrutural continuará a crescer nas próximas décadas.Em 2024, 38% da população tinha mais de 55 anos; as projeções apontam para 46% em 2050 — quase metade dos portugueses. Ao mesmo tempo, o número de jovens com menos de 30 anos deverá reduzir‑se em mais de 600 mil pessoas, o que inverterá o perfil demográfico do país e aumentará a pressão sobre sistemas como a Segurança Social e a saúde.No plano laboral, os números já mostram essa mudança. Hoje, quase um em cada cinco trabalhadores (19,6%) tem entre 55 e 64 anos — um máximo histórico, com 1,07 milhões de séniores ativos. A população empregada nessa faixa etária também atingiu o seu ponto mais alto, representando 19,8% do total, e o peso entre géneros está praticamente equilibrado (50,4% mulheres).Apesar destes ganhos, os trabalhadores séniores enfrentam fragilidades. Em 2024 havia 63.500 desempregados com mais de 55 anos, que passaram a corresponder a 18,1% do total de desempregados. O desemprego de longa duração é particularmente sentido neste grupo: 28,8% dos que estão desempregados há mais de um ano têm mais de 55 anos.A renovação geracional agrava o problema: entram menos de sete jovens para cada dez profissionais prestes a reformar‑se — Portugal apresenta uma taxa de 68%, a quarta mais baixa na União Europeia. Sem uma resposta que prolongue a vida ativa ou atraia mais jovens, o país corre o risco de ver a sua força de trabalho contrair.Sobre as soluções, Érica Pereira, diretora da área de Professional Talent Solutions da Randstad, defende uma mudança de olhar: “O talento sénior deve ser visto como um contributo de receita e inovação.” E acrescenta: “Ao promover o emprego sénior e a longevidade saudável, podemos alargar a base contributiva e mitigar a pressão sobre a Segurança Social.”O relatório sublinha que, perante o envelhecimento acelerado, a integração e valorização do talento sénior serão determinantes para a sustentabilidade económica e para atenuar o défice de recursos humanos em sectores estratégicos..Bruxelas. Mercado laboral português vai continuar bom, com criação de emprego forte e desemprego baixo