Tarifas dos EUA e fraca procura fazem produção automóvel mundial cair 1,2% em 2026

Na Europa, a recuperação é ténue. Após contrações de 5,1% em 2024 e 2% em 2025, a produção europeia só deverá crescer 1,6% em 2026, estima a Crédito y Caución.
FOTO: PAULO SPRANGER/Global Imagens
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As tensões geopolíticas e a desaceleração da procura estão a minar a produção automóvel mundial, que deverá contrair 1,2% em 2026, indica um estudo da Crédito y Caución. A medida mais imediata e perturbadora são as tarifas de 15% impostas pelos Estados Unidos a grandes parceiros como Japão, Coreia do Sul e União Europeia, que encarecem exportações e alteram fluxos comerciais.

Na Europa, a recuperação é ténue. Após contrações de 5,1% em 2024 e 2% em 2025, a produção europeia só deverá crescer 1,6% em 2026, num cenário de vendas domésticas deprimidas por menor despesa das famílias em bens de grande valor.

A transição para veículos elétricos pesa adicionalmente: entre janeiro e agosto de 2025, apenas 15,8% das novas matrículas corresponderam a elétricos, evidenciando fraca competitividade europeia neste segmento estratégico, destaca o estudo.

O relatório lembra ainda que os custos de produção estão a subir devido à incerteza no abastecimento de semicondutores e de terras raras, bem como às novas tarifas, forçando fabricantes a rever cadeias de aprovisionamento e planos de investimento.

O impacto é particularmente sentido na Alemanha, mercado fortemente exportador para os EUA, pois em 2024 o valor das exportações alemãs de automóveis alcançou 33 mil milhões de dólares, mas a combinação de procura fraca, erosão de margens e tarifas aplicadas deverá conduzir a uma queda de 2,7% na produção germânica em 2026.

A pressão financeira sobre o setor aumenta, elevando os níveis de insolvência, assim como os incumprimentos, que se aproximam dos patamares de 2024, enquanto os bancos endurecem critérios de crédito a fornecedores automóveis, limitando capital de circulação e investimentos de modernização, realça a Crédito y Caución.

Ainda assim, e de acordo com o estudo, há janelas de oportunidade a nível global. Mercados emergentes com baixa densidade de motorização e crescimento da classe média podem estimular a procura. Lançamentos de modelos, políticas de incentivo à compra e medidas de descarbonização também poderão dinamizar vendas e ajudar a indústria a compensar parte dos choques externos. Para já, contudo, o setor enfrenta um período de reajuste nas suas cadeias e na estratégia de transição tecnológica, salienta o relatório.

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Produção automóvel cresceu 4,3% entre janeiro e novembro

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