Tiago Brandão Rodrigues é o sucessor de Fortunato Frederico no grupo Kyaia

Sem família que possa assegurar a continuidade do negócio, o empresário de Guimarães escolheu o antigo ministro para diretor-geral do grupo, que já não é só calçado, para aprofundar a diversificação.
Tiago Brandão Rodrigues é o sucessor de Fortunato Frederico no grupo Kyaia
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Tiago Brandão Rodrigues, antigo ministro da Educação e com uma carreira de investigador científico em Dallas, Madrid e Cambridge, foi o escolhido por Fortunato Frederico, empresário de Guimarães e fundador da Kyaia, para seu sucessor nos negócios. Assegurar o futuro de um grupo que dá emprego a cerca de 400 trabalhadores é o objetivo.

“Tenho 82 anos, aproxima-se o ‘render da bandeira’, tinha de ter uma pessoa para dar continuidade ao negócio. As exigências hoje, para um gestor, são diferentes do que eram, queria uma pessoa de fora da indústria”, explica Fortunato Frederico ao Dinheiro Vivo.

Fundada em 1984, a Kyaia chegou a ser o maior grupo nacional de calçado, com mais de 600 trabalhadores e um faturação na ordem dos 70 milhões de euros. O fecho da maioria das sapatarias da rede Foreva - das 80 lojas, hoje sobram seis - ajuda a explicar grande parte do emagrecimento.

Atualmente, são cerca de 400 funcionários e uma faturação na ordem dos 25 milhões de euros. Mas além do fabrico e venda de calçado, com lojas próprias da Fly London, as da Foreva e o marketplace Overcube, a Kyaia tem vindo a diversificar as áreas de atuação, um processo que pretende reforçar nos próximos anos.

A Fly London, a principal marca do grupo, é responsável por 80% da faturação, mas a Kyaia tem vindo a investir na área do turismo, com a Quinta Eira do Sol, na tecnologia com a Kyaia - Soluções Informáticas e no imobiliário, com a Kya Imobiliária. Uma área de negócio que continuará a crescer, designadamente com a construção de habitação nos mais de 30 mil metros quadros que eram para a expansão da fábrica em Guimarães.

Fortunato Frederico fundou a Kyaia em 1984
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“Mudámos a agulha. Esse espaço já não será para indústria, será para habitação. Já temos um investimento grande feito em imobiliário, com 51 apartamentos na zona histórica, e temos um projeto para triplicar essa oferta, para arrendamento” explicou Fortunato Frederico ao Dinheiro Vivo.

O empresário assegura que não há qualquer desinvestimento no calçado, mas apenas uma alteração de paradigma. “A entrada do Tiago Brandão Rodrigues é precisamente para que o grupo continue a crescer, incluindo nos sapatos, só que em vez de os produzirmos, serão, em grande parte, subcontratados fora. Não estou a inventar nada, estou apenas a seguir o caminho que Itália e outros países já seguiram”, sustenta. A subcontratação do fabrico é uma das medidas preconizadas no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, elaborado pela Universidade Católica para a APICCAPS, a associação do setor, que Fortunato Frederico liderou durante 18 anos.

Quanto aos mais de 300 trabalhadores que tem nas fábricas, o empresário vimaranense diz que são um “património que não pode ser desperdiçado”, pelo que, assume, a intenção é encontrar novos clientes e novas oportunidades. A Defesa, área tão falada nos últimos tempos, é um segmento em vista, seja ao nível dos sapatos como de outros equipamentos militares comuns.

Sem grande vontade de assumir metas, Fortunato Frederico sempre vai dizendo que ficaria muito feliz se, em 2030, o grupo pudesse estar a faturar 55 a 60 milhões.

Já Tiago Brandão Rodrigues, que começou na Kyaia no início do ano, só fala, para já, sobre o presente. “Tenho a fortuna de conhecer o Sr. Fortunato desde 2013, quando estava em Cambridge e ele aceitou ir ao encontro anual da Associação de Investigadores e Estudantes Portugueses no Reino Unido, contar a sua história de vida. Tenho um imenso respeito e admiração por ele e aceitei este novo desafio com um forte sentido de dever e uma grande vontade de aprender”, diz, acrescentando: “É um privilégio, mas também uma enorme responsabilidade, fazer parte deste percurso e poder ajudar a construir os próximos capítulos da história da Kyaia”, disse ao DV.

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