Trump anuncia acordo comercial "gigante" com Japão que inclui taxas de 15%

O acordo deixa de fora o aço e o alumínio, que mantêm taxas de 50%.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, saudou o acordo
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, saudou o acordoJIJI PRESS / EPA
Publicado a

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na terça-feira, 22 de julho, um acordo comercial com o Japão, que inclui sobretaxas tarifárias de 15% sobre os produtos nipónicos importados para os Estados Unidos.

"Acabámos de concluir um enorme acordo comercial com o Japão", escreveu Donald Trump na plataforma Truth Social, afirmando que "nunca houve nada assim".

"Um acordo gigante, talvez o maior já alcançado", sublinhou.

O dirigente acrescentou que o Japão vai investir 550 mil milhões de dólares (cerca de 468 mil milhões de euros) nos Estados Unidos, que ficará com 90% dos lucros.

"Este acordo trará milhares de empregos (...) e o Japão abrirá o seu país ao comércio, incluindo carros, camiões, arroz e outros produtos agrícolas", referiu.

As sobretaxas norte-americanas de 50% atualmente impostas às exportações japonesas de aço e alumínio não são abrangidas pelo acordo, segundo disse o negociador japonês para as questões ligadas às tarifas.

"Se me perguntar se o acordo se aplica ao aço e ao alumínio, não, não é o caso", disse Ryosei Akazawa à imprensa em Washington, acrescentando que "não inclui nada sobre os gastos com a defesa".

Entretanto, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, saudou o acordo e confirmou que este reduz para 15% os direitos aduaneiros norte-americanos sobre os automóveis japoneses importados para os Estados Unidos.

"Acordámos reduzir para metade a sobretaxa aduaneira de 25% imposta sobre automóveis e peças sobressalentes desde abril", para chegar a uma tributação final de 15%, se forem incluídos os direitos aduaneiros pré-existentes, explicou Ishiba, saudando o facto de o Japão ser "o primeiro país a obter uma redução das sobretaxas [dos EUA] sobre os automóveis, sem limites nem restrições de volume".

O Japão foi o quinto maior parceiro comercial dos Estados Unidos em 2024, representando 4,3% de todo o comércio e mais de 148 mil milhões de dólares (126 mil milhões de euros) em importações do país asiático, de acordo com dados governamentais.

Von der Leyen e Costa sublinham importância de reforçar laços entre Japão e UE

Entretanto, a presidente da Comissão Europeia destacou esta quarta-feira, na 30.ª Cimeira UE-Japão, a importância da cooperação entre o Japão e a União Europeia, considerando que "não pode ser subestimada", num ambiente global "complexo e incerto" devido às tensões políticas e comerciais.

O Japão e a União Europeia, em conjunto, representam quase um quarto do PIB global e 20% do comércio global de bens e serviços, o que reflete não só a sua força económica, mas também "a confiança e a interdependência" da relação entre estas regiões, "geograficamente separadas, mas unidas por valores partilhados", afirmou Ursula Von der Leyen.

A responsável viajou para o Japão com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, para se reunir esta quarta-feira, em Tóquio, com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, num encontro em que procuram assinar uma "aliança de competitividade" para reforçar a cooperação entre a União Europeia (UE) e o Japão.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu na abertura da 30ª. Cimeira UE-Japão que o mundo precisa cada vez mais da relação próxima entre a União Europeia e o Japão, destacando a parceria de segurança e defesa existente.

“O Japão é o nosso parceiro mais próximo no Indo-Pacífico. Gostaria de sublinhar a força da parceria UE-Japão”, afirmou o presidente do Conselho Europeu, sublinhando que “mais do que nunca, o mundo precisa dessa parceria mais estreita”.

Destacando “a profundidade da cooperação bilateral e a estreita coordenação no G7 [grupo do sete países mais industrializados do mundo] e em numerosos fóruns multilaterais”, António Costa, considerou que a parceria UE-Japão já “constitui um modelo estável de cooperação que promove a paz, a democracia, uma ordem internacional baseada em regras e o multilateralismo”.

Para o responsável da UE, o pilar fundamental da relação é a parceria dedicada à segurança e defesa.

Esta parceria, afirmou, tornou-se “ainda mais valiosa “num mundo cada vez mais instável e imprevisível”.

Por isso, o próximo objetivo já a ser trabalhado é “aumentar a prosperidade através do comércio e da inovação e reforçar a segurança económica e a resiliência da cadeia de abastecimento”.

O acordo de parceria económica UE-Japão é “um grande sucesso”, que permitiu aumentar os fluxos comerciais em 20% desde a sua implementação, lembrou António Costa.

“Agora, a nossa nova Aliança para a Competitividade vai reforçar ainda mais os nossos laços económicos”, concluiu.

A cimeira acontece após a visita dos dois líderes europeus, na terça-feira, ao local da Exposição Mundial de Osaka, incluindo o pavilhão da UE, concebido para apresentar as políticas da União Europeia e os laços e iniciativas conjuntas com Tóquio.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, saudou o acordo
Grandes farmacêuticas correm para os EUA para evitarem tarifas
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, saudou o acordo
Tarifas: UE prepara-se “para o pior” e desenha plano de retaliação

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt