O programa de voluntariado da EDP comemora este ano o seu décimo aniversário, e para assinalar a data o grupo liderado por Miguel Stilwell de Andrade organiza, na próxima terça-feira, dia 14, uma conferência global sob o mote "The Role We Can Play", uma oportunidade para "colocar este tema na agenda e debater os desafios do futuro". Numa década, foram investidos seis milhões de euros em iniciativas que envolveram 33.300 voluntários (o agregado familiar dos funcionários é incentivado a participar) e que beneficiaram mais de 1,7 milhões de pessoas em 12 países. No início de 2022 será dada a conhecer a nova estratégia do Programa de Voluntariado até 2025, com um reforço das horas alocadas, mas também com o arranque de experiências de voluntariado internacional, explicou ao DN/Dinheiro Vivo a administradora do grupo, Vera Pinto Pereira.
Foi em 2005 que a EDP deu os "primeiros passos" nesta área, criando oficialmente, em 2011, o programa de voluntariado, "um eixo fundamental" na atuação do grupo, como forma de criar uma "maior proximidade" com as comunidades onde está presente. Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Polónia e Roménia, na Europa, Estados Unidos e Canadá, na América do Norte, e Brasil, Colômbia e México, na América Latina, são os países-alvo de iniciativas. Só em Portugal, mais de 11.200 voluntários dedicaram o seu tempo - mais de 165 mil horas - para "fazerem a diferença".
E são muitas e diferenciadas as causas apoiadas, sempre sob o lema "Atrevo-me a ser voluntário". Destaque, por exemplo, para as Campanhas de Natal e da Energia, ambas com um cariz global. A de Natal já vai na sua 10.ª edição e pretende "humanizar o Natal de quem mais precisa"; envolveu, até agora, mais de 13.600 voluntários e teve impacto em mais de 372 mil pessoas. Mais recente - só existe desde 2018 -, a Campanha da Energia decorre durante o mês de maio e promove várias ações relacionadas com este tema, como aulas de energia, workshops e palestras sobre eficiência energética, energias renováveis ou hábitos de consumo sustentáveis, entre outros. Já envolveu 944 voluntários e beneficiou quase 32 mil pessoas. Destaque ainda para os projetos Junior Achievement Portugal, em que os voluntários são desafiados a capacitar crianças e jovens para as competências de cidadania, literacia financeira e empreendedorismo, ou para a EDP Solidária, que ocorre desde 2015 e é uma iniciativa impulsionada pela Fundação EDP em Portugal e Espanha, que pretende "melhorar a qualidade de vida das pessoas em zonas onde a EDP desenvolve a sua atividade".
"Outra iniciativa em que o Programa de Voluntariado EDP tem feito a diferença é na resposta a emergências, que permite ao grupo dar uma resposta integrada e expedita a situações de calamidade, como tem acontecido durante o atual contexto de pandemia, em que os voluntários se envolveram em iniciativas para combater o isolamento social ou produzir equipamentos de proteção individual", explica Vera Pinto Pereira. O ciclone Idaí, em Moçambique, os incêndios em Pedrógão Grande, o furacão Harvey, em Houston, ou o vulcão de La Palma são exemplos de situações de emergência a que o grupo deu resposta.
Destaque ainda para a parceria da EDP com a Just a Change, associação que reconstrói casas de famílias carenciadas em Portugal. Desde que as duas entidades se associaram, em 2016, foram já reabilitadas 40 casas e 10 imóveis de organizações sociais. Estas ações de reabilitação têm decorrido sobretudo em Lisboa e no Porto, mas Vera Pinto Pereira garante que o grupo "tem cada vez mais a ambição de chegar a outros pontos do país". E do planeta, já que a nova estratégia do programa para o período de 2022 a 2025 pretende iniciar experiências de voluntariado internacional, abrindo a possibilidade de um trabalhador em Portugal ou Espanha poder fazer ações de voluntariado em qualquer lugar do mundo.
Além disso, a nova estratégia irá reforçar as horas que poderão ser alocadas, "nomeadamente para projetos ligados às competências que existem dentro do grupo e ao tema da transição energética justa", diz a administradora, sem, no entanto, especificar em quanto será esse reforço. Atualmente, cada funcionário pode ativar quatro horas mensais, em horário laboral, para participar em ações de voluntariado.
Adicionalmente, acrescenta a responsável, a estratégia até 2025 "estará alinhada com a nova cultura de trabalho do grupo, em que o modelo híbrido e a flexibilidade são cada vez mais relevantes". Por fim, haverá um novo modelo de governança, "mais inclusivo das diferentes regiões onde estamos presentes", de modo a proporcionar uma articulação "mais próxima" entres as três Fundações EDP (Portugal, Espanha e Instituto Brasil) e "criando sinergias entre os diferentes programas de investimento social".
Sobre a conferência de terça-feira, que marca a celebração de uma década de voluntariado no grupo e que poderá ser acompanhada online, terá uma convidada especial: Shiza Shahid, empreendedora, defensora dos direitos das mulheres e cofundadora do Fundo Malala, em conjunto com a vencedora do Prémio Nobel da Paz, Mala Yousafzai. Uma escolha que Vera Pinto Pereira justifica por se tratar de uma "referência na área dos direitos humanos, enquanto promotora de um mundo mais justo para todos", mas também por ter trabalho concreto desenvolvido neste campo para partilhar. "Os seus ideais e a forma desafiante como encara o tema do voluntariado, nomeadamente no mundo das empresas, foram critérios muito importantes para a nossa escolha", frisa esta responsável.