EDP tem nova gestão e já está a preparar plano estratégico até 2025

Miguel Stilwell é confirmado na liderança da EDP, onde substituía António Mexia desde julho, e vai liderar também a EDPR.
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Foi com o anúncio de um novo plano estratégico que Miguel Stilwell se oficializou no novo mandato como presidente executivo da EDP. Na sua primeira conferência de imprensa como líder da elétrica, Stilwell garantiu ainda que o investimento nas renováveis é para continuar. "Estamos a fazer uma reflexão estratégica, que já iniciámos nas últimas semanas, com vista a anunciar ao mercado um plano estratégico que vai materializar a nossa visão até 2025", afirmou na conferência de imprensa online. O novo plano estratégico deverá ser anunciado "no final de fevereiro, início de março" e vem atualizar os objetivos do anterior plano em curso até 2022. O foco no investimento em energias renováveis vai continuar. "O investimento global na próxima década vai ser enorme na transição energética. E nas renováveis vai haver um grande crescimento no solar, na eólica onshore e na eólica offshore", destacou o CEO da EDP. "O objetivo é continuar a crescer e a internacionalizar a EDP", frisou.

O plano estratégico em vigor prevê a distribuição de três mil milhões aos acionistas até 2022. O dividendo mínimo previsto é de 19 cêntimos por ação. Stilwell não se comprometeu com a manutenção deste dividendo, remetendo a resposta para novo plano, frisando que a política de dividendos do grupo tem sido estável.

Miguel Stilwell, que era já líder interino da EDP, substitui agora formalmente António Mexia na liderança do grupo e também vai acumular o cargo de presidente executivo da EDP Renováveis, que era assumido por Manso Neto - também afastado em julho e onde se mantinha como CEO interino Rui Teixeira. Stilwell agradeceu a Mexia e a Manso Neto pelo "trabalho incansável" desenvolvido no grupo nos últimos 15 anos. Os dois gestores foram suspensos em julho dos respetivos cargos, após mandato judicial, e anunciaram formalmente a sua saída no final de novembro. Mexia e Manso Neto estão no centro de investigações judiciais devido a alegados favorecimentos de governos.

A nova equipa de gestão da EDP para o triénio 2021-2023 foi ontem aprovada em assembleia geral de acionistas, por 99,98% dos votos, e é mais reduzida do que a anterior, passando de nove para cinco membros. "É uma equipa de continuidade", disse Stilwell. "É uma equipa mais pequena, é ágil", salientou. Rui Teixeira assume agora o cargo de administrador financeiro da EDP e da EDPR, Miguel Setas preside à EDP Brasil e é responsável pelo negócio de distribuição do grupo, Vera Pinto Pereira mantém a comercialização e a recém-chegada Ana Paula Marques irá liderar a área de geração convencional, digitalização e inovação.

Questionado sobre a eventual retirada da EDP Renováveis de bolsa, Stilwell garantiu que não está sobre a mesa. A EDP já havia tentado tirar a Renováveis do mercado em 2017, sem sucesso. "Ter a EDPR cotada é positivo. Não está nos nossos planos retirá-la de bolsa", garantiu o gestor.

Sobre a diminuição da participação da China Three Gorges no capital da EDP, não se mostrou preocupado. A estatal chinesa reduziu a posição de 21,35% a 19%.

A Comissão Executiva

Rui Teixeira, administrador financeiro

Formado em Engenharia Naval, Rui Teixeira está na administração da EDP desde abril de 2015, tendo sido reeleito em 2018. Antes disso, entre 2008 e 2015, foi membro da administração da EDP Renováveis, e CFO da empresa. Entre 2004 e 2007 liderou a direção de Planeamento e Controlo Corporativo do Grupo EDP. Antes de ingressar na elétrica nacional foi consultor da McKinsey para as áreas de energia, shipping e banca de retalho.

Vera Pinto Pereira, comercialização de energia

Presidente da EDP Comercial desde abril de 2018, Vera Pinto Pereira é licenciada em Economia pela Universidade Nova de Lisboa. Iniciou a carreira na consultora Mercer e foi depois diretora do serviço de TV da TV Cabo Portugal. Em setembro de 2007 passou a diretora do serviço de TV do MEO. Em janeiro de 2014 ingressou na Fox Networks Group como vice-presidente executiva e diretora-geral de Espanha e Portugal, de onde transitou para a EDP.

Miguel Setas, Brasil e distribuição

Entrou na administração da EDP em 2015, tendo sido reeleito em 2018. Antes liderou várias empresas do grupo no Brasil, tendo assumido a presidência da EDP Energias do Brasil em 2014. Iniciou a carreira na consultora McKinsey, e entrou no setor da energia em 1998, como diretor corporativo da Gás de Portugal. Foi diretor de marketing estratégico da Galp e administrador da CP.

Ana Paula Marques, geração convencional, inovação e digitalização

Licenciada em Economia pela Faculdade de Economia do Porto, é o novo rosto da equipa de gestão da EDP. Vem da NOS, onde foi vice-presidente. Fez carreira na Optimus, tendo exercido várias funções até chegar a administradora executiva da operadora de telefonia móvel da Sonae.

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