Em Bruxelas, um caso incrível de reflorescimento

O Union Saint-Gilloise subiu à primeira divisão, no ano passado, 48 anos depois. E agora arrisca-se a ser campeão, após 87 temporadas de jejum. O segredo? Gastar pouco mas bem.
Publicado a

"Será que algum dia vamos ver o Union outra vez no topo?", perguntaram-se, por gerações, adeptos do Union Saint-Gilloise, nas ruas e nos cafés do bairro Saint-Gilles, no sul de Bruxelas.

Ora, depois de 48 anos exilado da primeira divisão belga, o Union não só subiu no ano passado como lidera em 2022 o campeonato de elite e arrisca-se a ser campeão 87 anos depois.

Até aos anos 40 do século passado, o clube foi o mais vitorioso do seu país, com 11 títulos, à frente dos hoje gigantes Anderlecht, também de Bruxelas, Club Brugge ou Standard Liège. Mas caiu em 1973 e andou, por vezes, nos limites do regresso ao amadorismo.

Em 2018, no entanto, Tony Bloom - o apelido significa florescer (ou reflorescer) em inglês, a propósito - comprou o clube. E decidiu, ao lado do parceiro Alex Muzio, que tomou as rédeas do Union enquanto Bloom se dedica à gestão do Brighton & Hove Albion, da Premier League inglesa, ter sucesso sem gastar rios de dinheiro.

Os custos limitaram-se à aquisição de um centro de treinos com chuveiros para evitar que os atletas continuassem a ter de tomar banho em casa, entre outras medidas básicas. No plantel, o investimento foi criterioso: jogadores emprestados de clubes maiores ou em fim de contrato de emblemas de ligas menores. No banco, um treinador, Felice Mazzù, com sede de se provar, depois de não ter triunfado em 2019 ao serviço do então campeão Genk.

O resultado está aí: subida à elite à primeira tentativa e liderança com nove pontos de avanço sobre o Club Brugge, com 28 das 34 jornadas disputadas (depois ainda haverá um play off de seis rondas entre os quatro do topo da tabela).

Deniz Undav, alemão contratado ao Meppen, da terceira divisão do seu país, lidera a lista dos goleadores e já está de malas prontas para o Brighton, o outro clube de Bloom; o criativo Dante Vanzeir, que não cabia no plantel do Genk, foi agora chamado à seleção belga, líder do ranking da FIFA; e o inglês Christian Burgess, esquecido no seu país, é o aclamado pilar da defesa.

Com futebol rápido, direto e prático, o Union é um exemplo de gestão no campo e, sobretudo, fora dele.

"Será que algum dia vamos ver o Union outra vez no topo?". A resposta à pergunta dos adeptos é "c"est maintenant!".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt