Chips H200 permitirão à IA chinesa reduzir distância face aos EUA, diz consultora

Capital Economics reagiu à decisão de Trump autorizar a empresa de tecnologia Nvidia a vender os seus ‘chips’ de inteligência artificial H200 na China em troca de uma comissão de 25% das vendas.
Chips H200 permitirão à IA chinesa reduzir distância face aos EUA, diz consultora
EPA / BONNIE CASH
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A decisão dos Estados Unidos de autorizar a exportação dos chips H200 da Nvidia para a China pode acelerar o avanço da inteligência artificial chinesa e aliviar limitações tecnológicas, segundo a consultora Capital Economics.

Num relatório enviado a clientes, o analista Julian Evans-Pritchard indicou que Pequim tinha "menosprezado" os chips H20 – uma versão limitada destinada ao mercado chinês –, mas estará agora "disposta a autorizar as suas empresas a comprar os H200, mais potentes", que o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu liberalizar.

"Isso permitirá à China acelerar a construção da sua infraestrutura de IA e aumentar a probabilidade de que os modelos chineses se equiparem, ou mesmo superem, os mais avançados modelos dos EUA", afirmou o especialista.

Evans-Pritchard recordou que as tecnológicas chinesas já demonstraram capacidade de operar com limitações de 'hardware', treinando modelos de IA com desempenho próximo dos norte-americanos. "Com 'chips' mais poderosos, poderemos assistir a um novo 'momento DeepSeek'", disse, referindo-se à empresa chinesa que ganhou destaque no início de 2025 com um modelo de IA avançado.

Caso Pequim opte por recusar também os H200, isso mostrará, segundo o analista, "uma disposição muito maior para abdicar de ganhos de curto prazo em nome da autossuficiência", objetivo declarado pelas autoridades chinesas para o próximo plano quinquenal (2026-2030), face ao conflito comercial e tecnológico com Washington.

Evans-Pritchard prevê uma abordagem "pragmática" e considera provável que a China permita a aquisição dos H200 por algumas empresas, à medida que desenvolve alternativas nacionais. Trump especificou que a Nvidia poderá vender os 'chips' apenas a "clientes aprovados" na China, sob a condição de que as vendas garantam a segurança nacional dos EUA, que cobram o pagamento de uma tarifa de 25%. A Nvidia já dispunha de licença para exportar os H20 – com capacidade inferior – para a China, em troca de 15% das receitas.

Na visão do analista, a decisão de Washington indica que a Administração Trump está a dar prioridade a um possível acordo com Pequim – que poderá ser assinado durante uma visita presidencial prevista para abril de 2026 – em detrimento das preocupações com segurança nacional e dos esforços para dissociar as duas economias.

A Capital Economics mantém o seu "ceticismo" quanto à possibilidade de uma reaproximação duradoura entre os dois países, considerando que a China verá esta concessão como um "alívio temporário", que lhe permitirá ganhar tempo para reduzir a dependência de semicondutores ocidentais.

"As tensões entre China e EUA provavelmente voltarão a explodir, o que levará novamente a mais restrições sobre as exportações. Entretanto, a China aproveitará o acesso recém-adquirido a 'chips' mais potentes, e é provável que se acelere a construção de centros de dados com financiamento privado", previu Evans-Pritchard.

Em julho, um comité da Câmara dos Representantes dos EUA alertou que os H20 poderiam ultrapassar significativamente a capacidade de fabrico local da China e impulsionar o desenvolvimento de IA para fins estratégicos.

Trump defendeu agora que a medida beneficiará o emprego norte-americano e a liderança dos EUA no setor da IA. "Protegeremos a segurança nacional, criaremos empregos nos Estados Unidos e manteremos a liderança americana em IA", escreveu Trump na rede Truth Social, que lhe pertence. "Os clientes americanos da NVIDIA já estão a avançar com seus incríveis e altamente avançados chips Blackwell e, em breve, Rubin, nenhum dos quais faz parte deste acordo", acrescentou

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