A transformação digital em Portugal acelera, mas muitas PME já ultrapassaram a capacidade das suas infraestruturas tecnológicas, criando um bloqueio que impede a expansão eficiente das operações e a entrada em novos mercados. Plataformas de gestão desenhadas para outra escala falham em lidar com o aumento do volume e da complexidade dos processos.O II Observatório da Cloud e das PME 2025 (AETICE) indica que 48% das empresas aponta o custo de migração para a cloud como o principal obstáculo, e 38,2% identifica a resistência interna à mudança. A IT Insight acrescenta que apenas 16% das PME usa inteligência artificial de forma regular, embora 28% a considere prioridade para 2025.“Portugal digitalizou depressa, mas sem uma visão de longo prazo. Muitas empresas mantêm infraestruturas pensadas para outra escala e agora pagam o preço dessa pressa”, afirma José Ribas, partner da RSM Business Solutions Portugal.A lacuna é mais visível na indústria, logística e distribuição, onde a consolidação de dados, a integração financeira e o controlo operacional dependem de ferramentas isoladas. Um estudo recente da Intercampus refere que só 45% das PME têm faturação eletrónica, sinalizando um défice estrutural na digitalização.“O desafio não passa apenas por adicionar mais software, mas ligar o que já existe. A competitividade portuguesa vai definir‑se pela capacidade das empresas para integrar processos, dados e pessoas em tempo real. Isto exige um sistema ERP que assegure a integração total entre operações, contabilidade e finanças”, conclui José Ribas..Mais de metade das PME portuguesas sofreram ciberataques no último ano