"Economia circular é uma boa forma de poupar dinheiro à indústria" mas há "muito" por fazer em Portugal

Luísa Magalhães, diretora executiva da Associação Smart Waste, trabalha em prol da reutilização dos resíduos e alerta para números "muito baixos" no campo da economia circular.
Luísa Magalhães, diretora executiva na Associação Smart Waste Portugal,
Luísa Magalhães, diretora executiva na Associação Smart Waste Portugal,Reinaldo Rodrigues
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A "economia circular é uma boa forma de poupar dinheiro à indústria", de acordo com Luísa Magalhães, diretora executiva da Associação Smart Waste Portugal.

A afirmação surgiu na Global Innovation Coop Summit, que está a decorrer em Torres Vedras e junta perfis de elevado grau de importância no cooperativismo, que chegam de todo o mundo. O evento estreia-se em Portugal e a Caixa Agrícola de Torres Vedras é co-host.

De acordo com a responsável, "temos que tornar os produtos mais reutilizáveis e mais reparáveis", em prol da economia circular. Em causa está, entre outros fatores, o aumento da população mundial nas últimas décadas, que se estima que continue a aumentar nas próximas, lembra.

Assim sendo, os principais focos devem estar na "redução" do desperdício e na "prevenção", que permitirá reutilizar produtos. Posteriormente, importa reciclá-los e, neste âmbito, os números não são animadores, sobretudo no contexto português.

"A taxa de uso de material circular é muito baixa", na ordem de 7%, sublinha Luísa Magalhães. Em Portugal, os dados apontam para "quase 3%", pelo que a própria alerta que "temos que trabalhar muito nesta área".

Ambição das empresas e preços praticados dificultam tarefa

Existem várias "barreiras" que se colocam ao cooperativismo. Na indústria da construção, "por vezes, as matérias primas são mais baratas do que materiais reciclados", pelo que o setor acaba por optar pela primeira possibilidade. Em simultâneo, os eletrodomésticos formam uma outra dificuldade.

"Há 20 anos, um frigorífico durava muito tempo", recorda, num exemplo próximo do dia-a-dia de qualquer pessoa. "Hoje, trocamos a cada 5 anos", o que garante ser uma escolha das empresas que produzem os eletrodomésticos.

Smartwaste Portugal lançou o "OLX do desperdício"

Em resposta a uma pergunta sobre o trabalho realizado pela Smartwaste Portugal, Luísa Magalhães explica que a associação lançou "um marketplace dos resíduos... é o OLX dos resíduos", salienta.

Neste âmbito, porém, reconhece que ainda existem "barreiras culturais", que pesam na cabeça de muitas pessoas, o que resulta numa menor quantidade de resíduos entregues para reciclagem.

A Smartwaste Portugal é uma associação sem fins lucrativos que promove a economia circular no âmbito económico, social e ambiental. Visa contribuir para negociações entre múltiplas entidades, de forma promover a economia circular em Portugal e no mundo"

Ao mesmo tempo, quer ter um papel ativo na "criação de negócios neste campo" e, para tal, trabalha com 160 entidades, que vão muito além do setor dos resíduos, como é o caso de câmaras municipais e universidades, exemplifica a diretora executiva.

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Global Innovation Coop Summit 2025 (GICS)
Luísa Magalhães, diretora executiva na Associação Smart Waste Portugal,
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