A venda de dois portos no Panamá à norte-americana BlackRock está bloqueada devido à exigência da China de que a estatal Cosco detenha uma participação maioritária, informou esta quarta-feira, 17, o jornal Wall Street Journal.Segundo fontes citadas pelo jornal, o Governo chinês protestou inicialmente contra o acordo e exigiu depois que a Cosco integrasse o consórcio em condições de igualdade. Agora, exige que a transportadora marítima chinesa tenha uma fatia superior à da BlackRock ou da suíça MSC, ameaçando vetar a operação caso essa condição não seja satisfeita.“As negociações estão num impasse aparentemente irresolúvel”, indicaram as fontes consultadas pelo WSJ.A Casa Branca considera "inaceitável" qualquer “controlo chinês” sobre o Canal do Panamá, alegando que tal representa um risco para a segurança nacional e económica dos Estados Unidos.Por sua vez, um alto responsável chinês afirmou que Pequim quer incluir o controlo destes portos nas negociações comerciais em curso com Washington.O acordo inicial, anunciado em março, previa a venda de mais de 40 terminais portuários operados pela CK Hutchison, de Hong Kong, em todo o mundo – incluindo os portos panamenhos de Balboa (no Pacífico) e Cristóbal (no Atlântico) – ao consórcio liderado pela BlackRock, por um montante estimado em 23 mil milhões de dólares (19,6 mil milhões de euros).A operação foi anunciada semanas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticar a crescente influência chinesa sobre o Canal e ameaçar assumir o controlo da infraestrutura estratégica, por onde circula mais de 40% do tráfego de contentores entre os EUA e a Ásia.De acordo com o WSJ, Pequim poderá exercer influência direta sobre as empresas envolvidas: tanto a BlackRock como a CK Hutchison têm negócios relevantes na China, e a MSC é uma das principais transportadoras marítimas de exportações chinesas a nível global.Esta não é a primeira vez que a China bloqueia acordos no setor. Em 2014, Pequim travou uma aliança entre a MSC, a dinamarquesa Maersk e a francesa CMA CGM, alegando que os interesses comerciais chineses seriam prejudicados.Segundo informações divulgadas em meados do ano pela agência Bloomberg, a Cosco já tinha exigido poder de veto sobre qualquer decisão que contrariasse os interesses da China como condição para integrar o consórcio.O negócio tornou-se mais um ponto de tensão nas atribuladas relações entre Pequim e Washington. Trump descreveu o acordo como uma “recuperação” do controlo norte-americano sobre o Canal, enquanto a imprensa estatal chinesa o comparou a “entregar uma faca ao inimigo”. .BlackRock aliena 7,1% da Naturgy em operação de 1,7 mil milhões