O grupo francês Naval Group acredita que o Governo português vai escolher a sua proposta para adquirir três novas fragatas, e quer investir no Arsenal do Alfeite através da criação de uma nova empresa.Numa declaração enviada à agência Lusa, fonte oficial do grupo francês disse continuar a acreditar que o Governo vai fechar negócio com a Naval Group, depois de na quarta-feira os ministros da Defesa de Portugal e Itália terem assinado uma declaração de intenções sobre cooperação, sobretudo com incidência na indústria, num quadro em que os italianos da Fincantieri disputam o negócio com os franceses. O Naval Group manifestou-se convencido de que a sua proposta (que inclui o fornecimento de três fragatas de última geração, “totalmente operacionais e comprovadas em combate até 2030”), “é a melhor e mais racional para a Marinha portuguesa e para as autoridades portuguesas”.A proposta, ainda em fase de avaliação, inclui um plano para modernizar os estaleiros do Arsenal do Alfeite, que há anos passa por graves dificuldades financeiras, através do investimento dos “montantes necessários, estimados em várias dezenas de milhões de euros” para “criar um polo da indústria naval”.“No centro desta proposta está a criação de uma nova empresa, detida em conjunto pela Naval Group e pelo Arsenal do Alfeite. Esta nova empresa irá gerir e executar todos os futuros contratos de manutenção da Marinha Portuguesa, assegurando os mais elevados níveis de disponibilidade operacional e desempenho. A iniciativa pretende contribuir diretamente para a soberania e autonomia estratégica de Portugal e para a consolidação de um ecossistema industrial naval sustentável”, lê-se num comunicado divulgado pelo grupo e enviado à Lusa.De acordo com o grupo francês, a nova empresa irá “garantir e desenvolver postos de trabalho” no Arsenal do Alfeite e “em muitas outras empresas portuguesas no domínio da manutenção”. A Naval Group garante igualmente que “20% do investimento nas fragatas será retornado à economia nacional ao longo do ciclo de vida das mesmas”. Os franceses estão prontos para entregar as novas fragatas em cinco anos “cumprindo os requisitos SAFE (Instrumento de Ação para a Segurança da Europa), “de forma rápida e sem riscos, uma vez que já se encontra em produção em massa e já foi entregue à Marinha Francesa e, até ao final do ano, à Marinha Helénica”.O Governo terá de apresentar em Bruxelas, até ao fim do mês, o seu plano para garantir o envelope de seis mil milhões de euros em empréstimos europeus do programa SAFE, que Portugal tem de executar até 2030.“O processo, até final de fevereiro, será considerado pela Comissão Europeia. Em boa verdade, diria que o que tem a ver com o SAFE nasce no final de novembro e há um longo caminho até fevereiro. Neste momento, em novembro, não estamos a decidir aquilo que vamos concretizar. Aliás, o que se delibere pode bem ter uma previsão em novembro e não se concretizar em fevereiro”, admitiu hoje Nuno Melo. Na quarta-feira, no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, tendo ao seu lado o homólogo italiano Guido Crosetto, Nuno Melo afirmou aos jornalistas que, “neste momento, não há nenhuma decisão” tomada sobre o negócio.A Marinha detém neste momento cinco fragatas: Vasco da Gama, Álvares Cabral, Corte-Real, Bartolomeu Dias e D. Francisco de Almeida.No passado dia 05 de novembro, durante uma audição na Assembleia da República, o ministro da Defesa, Nuno Melo, adiantou que a aquisição de fragatas era “cada vez mais uma fortíssima possibilidade necessária, tendo em conta aquilo que são os alvos capacitários da NATO”..“A Marinha tem um défice global de 27% no efetivo. Na categoria dos praças estamos 36% aquém”