A possibilidade de a família Berlusconi entrar no capital da Impresa está a levar a um disparo do valor em bolsa da dona da SIC. As ações já valem mais do dobro do que valiam no término da semana passada.Os mercados estão visivelmente animados com a possibilidade de entrada de um parceiro estratégico no grupo de media. Prova disto é a subida em flecha da cotação de mercado, na bolsa de Lisboa.Os títulos da Impresa fecharam a sessão de sexta-feira nos 0,126 euros e terminaram esta terça-feira, dia 30 de setembro nos 0,2580 euros, depois de terem chegado a negociar acima dos 33 cêntimos. Em causa está uma valorização superior a 21 milhões de euros, o que 105% até ao final do dia.Assim sendo, falamos de um máximo de quase quatro anos, já que as ações não se faziam por valores tão elevados desde novembro de 2021. Neste âmbito, importa lembrar que subida repentina beneficia do habitualmente baixo volume de transações dos títulos, que promove um clima de maior volatilidade perante algo fora do comum, como é o caso.Na origem está "uma procura que não acontecia já há alguns anos", sublinha João Queiroz, head of Trading do banco Carregosa. Um cenário, que coloca as negociações "numa valorização bastante atrativa".Os mercados ficam a aguardar novidades e novas reações podem surgir a partir das 8 horas desta quarta-feira, dia 1 de outubro.Sem estar ainda fechada a entrada do grupo italiano MediaForEurope (MFE), é sabido que o objetivo do mesmo passa por afirmar-se como principal operador de televisão e media da Europa. A Fininvest é acionista maioritária, sendo detida pela família do antigo primeiro ministro de Itália e Silvio Berlusconi.Assim sendo, só quando forem conhecidos novos detalhes da operação (caso esta se concretize), é que o mercado terá "um referencial para poder arbitrar, ou seja, para poder subir mais ou para poder fazer uma correção.Na comunicação que fez à CMVM no início da semana, o grupo fundado por Francisco Pinto Balsemão admite a perda de controlo da empresa na sequência da operação. “A Impresa informa que, de acordo com informação prestada pela sua acionista maioritária, no âmbito das negociações tornadas públicas com o grupo MFE não se encontra afastada a possibilidade da aquisição por este de uma participação relevante (direta ou indireta) para efeitos de controlo na Impresa”. No entanto, o grupo reiterou que “ainda não existe qualquer acordo vinculativo para o efeito”. A Impresa registou no ano passado um prejuízo de 66,2 milhões de euros, que a empresa explicou ter sido devido a uma imparidade de 60,7 milhões de euros relacionada com os segmentos da televisão e da subsidiária Infoportugal. No primeiro semestre deste ano apresentou perdas de 5,1 milhões de euros, mais 27,1% do que no mesmo período do ano anterior, acompanhado por um recuo de 0,8% das receitas consolidadas para 85,9 milhões. A dívida líquida também cresceu para 148,2 milhões de euros, um aumento de 3,8% face ao final de junho de 2024. A empresa tentou vender em junho o edifício da sua sede, em Oeiras, ao BPI, por 37 milhões de euros, mas a operação não se concretizou, como informou a Impresa em comunicado ao mercado no dia 24 de julho. O grupo já tinha realizado uma operação semelhante em 2018, quando vendeu a sede ao Novobanco e encaixou 24,2 milhões de euros.O grupo MFE - MediaForEurope, pertencente à família de Sílvio Berlusconi - o empresário e político italiano, várias vezes primeiro-ministro, que morreu em junho de 2023 - assume a ambição de se tornar um “agregador de emissoras comerciais líderes na Europa”, para criar um “player pan-europeu operando em todos os principais mercados, forte em conteúdo e tecnologia”, lê-se no site do grupo.No ano passado gerou receitas consolidadas de quase três mil milhões de euros, operando em Itália e Espanha, e acaba de entrar no capital do grupo alemão ProSiebenSat.1, detentor de canais de televisão e plataforma de streaming, através de uma Oferta Pública de Aquisição que lhe garante uma fatia de 75,61% da empresa.Do império de comunicação social ao topo do futebol europeuFalecido em 2023, fruto de complicações decorrentes de uma pandemia, Silvio Berlusconi foi um homem de enorme relevo nas mais variadas áreas da sociedade italiana. À cabeça, o facto de ter sido primeiro ministro de Itália em três períodos (1994-1995, 2001-2006 e 2008-2011), através do Partido Forza Italia, que o próprio fundou em 1994. Significa isto que foi chefe de governo durante mais tempo do que qualquer outro desde a II Guerra Mundial.À data de morte, tinha uma fortuna avaliada em 6,8 mil milhões de dólares, de acordo com a lista de maiores Bilionários do Mundo realizada pela Forbes. Isto estava, em grande medida, associado ao peso que tinha na comunicação social europeia.Nos anos 70 do século passado, Berlusconi lançou a Fininvest, que adquiriu os direitos de fenómenos estrangeiros como o "Baywatch", criado nos EUA. A empresa era ainda acionista da editora Mondadori e do banco italiano Banca Mediolanum. Os documentos divulgados antes da morte de Silvio Berlusconi indicam que era detentor de 61,2% do capital da empresa, ao passo que os cinco filhos (que resultam de dois casamentos) tinham participações entre 7,14% e 7,65%.Em 1986, ingressou no mundo do futebol. Investiu no AC Milan, um histórico do futebol italiano que estava à beira da falência. Fez o clube renascer das cinzas, de tal forma que alcançou o estrelato europeu e mundial. Até 2017, quando vendeu a sua participação, os 'rossoneri' venceram 5 Ligas dos Campeões (duas delas no formato antigo), 8 Ligas italianas, 5 Taças UEFA e um Mundial de Clubes da FIFA, entre tantos outros troféus.Agora a cargo dos descendentes o império de Berlusconi pode chegar a Portugal e logo à Impresa, um dos grandes grupos da comunicação social nacional..Em negociações com Impresa, grupo italiano tem como desafio ser principal operadora de TV e media na Europa