Incumprimentos mantêm pressão sobre empresas portuguesas e ameaçam viabilidade de PME

Em 2025, o crédito malparado manteve uma pressão significativa sobre as empresas em Portugal, com 70% delas a relatar impactos negativos devido a atrasos nos pagamentos, revela um estudo.
Incumprimentos mantêm pressão sobre empresas portuguesas e ameaçam viabilidade de PME
Bruno Simões Castanheira / Global Imagens
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O crédito malparado continuou em 2025 a exercer uma pressão considerável sobre as empresas em Portugal, com 70% das organizações a reportar efeitos negativos dos atrasos de pagamento nas suas contas.

O dado surge na vaga de outono do Estudo de Gestão do Risco de Crédito em Portugal, promovido pela Crédito y Caución e Iberinform, que recolheu a opinião de gestores de cerca de 300 empresas de diversos setores e dimensões.

Do total inquirido, 11% admitem que os incumprimentos colocam em risco a continuidade da sua atividade, evidenciando a vulnerabilidade, sobretudo, das empresas de menor dimensão. A falta de controlo sobre prazos de pagamento provoca tensões de liquidez que comprometem o funcionamento operacional e a capacidade de resposta das empresas.

O estudo sublinha ainda que, em caso de incumprimento de uma venda a crédito, a perda corresponde aos custos de produção do bem. Quanto mais reduzida for a margem comercial, maior é o esforço necessário para repor o equilíbrio financeiro: uma empresa com uma margem de 10% que registe um incumprimento de 10.000 euros teria de gerar vendas adicionais de 100.000 euros para cobrir os 9.000 euros de custos inerentes.

Num contexto marcado pela compressão de margens — resultado do aumento dos custos de produção e da subida das taxas de juro —, a correta gestão do risco de crédito assume um papel crítico para a sobrevivência empresarial, apontam os autores do estudo.

Além do impacto direto nas contas, 38% das empresas reportam um acréscimo dos custos financeiros devido a atrasos de clientes. Esses atrasos condicionam também as estratégias de crescimento: 34% das empresas admitiram ter de abrandar a expansão comercial, 33% limitaram novos investimentos e 29% registaram perdas significativas de rendimentos.

O relatório deixa, assim, um sinal claro: sem mecanismos eficazes de prevenção e cobrança, o incumprimento continua a ser um dos principais entraves ao reforço da resiliência e ao crescimento sustentável do tecido empresarial português.

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