A indústria do petróleo e gás inicia 2026 num contexto de desaceleração da transição energética, apesar das sucessivas catástrofes climáticas e dos apelos à redução de emissões, conclui o relatório "Transição Energética no Petróleo e Gás" da GlobalData.As emissões de CO₂ ligadas à energia continuam a bater recordes, evidenciando a persistência dos combustíveis fósseis na matriz energética global, destaca o estudo. Embora muitas das grandes petrolíferas mantenham metas de neutralidade para 2050 e objetivos intermédios para 2030, as suas estratégias tornaram‑se mais prudentes, condicionadas pela volatilidade de mercado e incerteza política.Ravindra Puranik, analista da GlobalData, sublinha, no documento, que o impulso anunciado nos últimos anos traduziu‑se sobretudo em debates e pilotos, em vez de adoção em larga escala. A perturbação nos mercados desde 2022 e receios sobre garantias de abastecimento têm travado mudanças radicais na estrutura energética do setor.O relatório lembra que algumas petrolíferas ajustaram prioridades. Um exemplo é a BP que aumentou investimentos em exploração e produção e recuou em projetos renováveis, enquanto a Shell suspendeu a construção de uma unidade de combustíveis renováveis em Roterdão, citando condições de mercado fragilizadas. Estes movimentos, de acordo com o estudo, refletem uma viragem generalizada para a disciplina financeira e valorização dos negócios convencionais.Apesar do retrocesso relativo, as empresas continuam a trabalhar em descarbonização, sublinha o relatório, recorrendo a tecnologias já disponíveis e a soluções emergentes. A captura de carbono ganha expressão como mitigador de emissões; há igualmente investimentos em hidrogénio, solar, eólica e combustíveis de baixo carbono, bem como investigação em baterias e armazenamento energético. No entanto, factores como rentabilidade, inflação e a redução de incentivos públicos — especialmente nos EUA — têm diminuído o apetite por projetos renováveis de grande escala.De acordo com a GlobalData, em vez de acelerar a transição, a maioria das empresas adopta um ritmo mais calculado, privilegiando a segurança energética e a prudência financeira. “A inovação prossegue, mas a implementação em grande escala de projetos de baixa emissão continua dependente da evolução do mercado e das políticas públicas”, conclui Puranik..COP30: Lula quer petrolíferas, mineradoras e super ricos a pagar transição energética