Durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo voltou a falar do preço das casas - que não tem parado de subir - fazendo questão de frisar duas coisas: primeiro, lembrou que no segmento de luxo, era natural que os preços subissem porque "quem compra são pessoas que adquirem casas em toda a parte do mundo. São investidores externos". E, portanto, salienta, são pessoas que "comparam preços da Comporta ou do Algarve com preços da Riviera ou da Sardenha. Quem compra sabe exatamente o que pagaria por uma localização alternativa em outro lado do mundo. E este é o segmento onde o preço tem estado, talvez, a subir mais", realçou.Já no mercado do segmento médio baixo, "acho que vai demorar muitos anos até reconstruirmos, em termos de produção, a fileira dos empresários que construíam urbanizações de vários prédios e depois as vendiam, e assim sucessivamente...essa fileira ficou bastante reduzida depois da crise financeira e de falências e de muitas fusões", referiu.E, portanto, considera que "enquanto a oferta não estiver restabelecida – e não acho que haja uma silver bullet – através de diversas medidas, os preços das casas não tendem a baixar, porque a procura é crescentemente maior do que a oferta em termos diferencial".Para ajudar, acrescenta, era importante que os governantes dessem ao mercado alguma estabilidade e segurança, sem consecutivas alterações de regras, nomeadamente no mercado de arrendamento, afiança ainda o responsável. "Quantas casas não são colocadas no mercado porque não há a mínima previsibilidade sobre as rendas?", questiona. "Isso pode lançar milhares de casas no mercado", sublinha.E, repete, é "preciso reconstruir a tal fileira de empresários da construção". É natural, nota ainda, que haja mais pessoas a comprar casas, uma vez que "o crédito está mais acessível e mais barato. Portanto, as pessoas reagem. Se eu tenho crédito mais acessível e mais barato, o que faço é possivelmente comprar uma casa, mesmo que a esteja a arrendar antes". O conjunto de variáveis, salienta, alterou significativamente o mercado, e não haverá uma solução à vista nos próximos dois ou três anos. "A crise na habitação será algo que será resolvido daqui a muitos anos", repete.O presidente-executivo da Caixa Geral de Depósitos falou acompanhado dos seus seis colegas do conselho de administração na manhã desta quarta-feira, 30 de julho, em Lisboa. .CGD regista lucro de 893 milhões entre janeiro e junho.Portugal registou 3.ª maior subida nos preços das casas na UE no final de 2024