A Ryanair vai recorrer da multa de 255,8 milhões de euros aplicada pela autoridade da concorrência italiana por abuso de posição dominante, que diz ser juridicamente sem fundamento.A Ryanair "instruiu hoje os seus advogados a recorrerem imediatamente tanto da decisão infundada como da multa de 256 milhões de euros, injustamente imposta pela Autoridade Italiana da Concorrência, que procura ignorar – e anular – a decisão precedente de janeiro de 2024 do Tribunal de Milão, que declarou que o modelo de distribuição direta da Ryanair 'indubitavelmente beneficia os consumidores' e leva a 'tarifas competitivas'", indicou hoje a companhia aérea, em comunicado.A autoridade da concorrência italiana (AGCM) aplicou a multa de 255,8 milhões de euros à Ryanair por abuso de posição dominante, considerando que impediu a compra de voos pelas agências de viagens.Já a companhia considera que "esta decisão e multa são juridicamente infundadas e serão anuladas em recurso".Para a Ryanair, a reguladora ignorou o facto de a companhia "deter uma participação não dominante (pouco mais de 30%) no mercado italiano, manipulando a definição para excluir tanto as viagens aéreas de longa distância quanto o acesso aéreo de curta distância a diversos outros países, de modo a poder alegar que a Ryanair detém uma posição dominante no mercado italiano de viagens aéreas".“Se a decisão e a multa da AGCM, juridicamente infundadas, não forem contestadas, a AGCM propõe-se a colocar-se acima dos tribunais de Milão na tomada de decisões em matéria de concorrência”, diz o presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, citado em comunicado.Segundo o órgão regulador, a Ryanair começou, no final de 2022, a explorar várias formas de dificultar a atividade das agências de viagens, algo que se materializou a partir de meados de abril de 2023 através de ações de intensidade crescente.Numa primeira fase, a companhia terá introduzido procedimentos de reconhecimento facial no seu sítio oficial na Internet para utilizadores de passagens aéreas compradas com a intermediação de agências de turismo.Depois, no final de 2023, a Ryanair bloqueou, total ou intermitentemente, as tentativas de reservas feitas por agências de viagens no seu portal, bloqueando os métodos de pagamento e cancelando contas vinculadas a reservas feitas por agências de viagens ‘online’ (OTA, na sigla inglesa).Numa terceira fase, em início de 2024, a companhia terá promovido acordos de parceria com agências de viagens ‘online’, posteriormente, com as clássicas agências de viagens físicas, mas com condições que limitavam a possibilidade de oferecer os seus voos quando combinados com outros serviços.De acordo com a AGCM, para alcançar o objetivo, a Ryanair utilizou como forma de persuasão “o bloqueio intermitente de reservas e uma campanha de comunicação agressiva direcionada às OTA que não assinaram aqueles acordos”..Regulador italiano multa Ryanair em 255 milhões por abuso de posição dominante