Setor do Têxtil e Vestuário acelera transição verde apesar da queda das exportações

Afetadas pela instabilidade geopolítica, contração da procura internacional e tensões nos mercados europeus, exportações caíram 3% em 2024, totalizando 5.576 milhões ( -189 milhões face a 2023).
Setor do Têxtil e Vestuário acelera transição verde apesar da queda das exportações
Artur Machado / Global Imagens
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O setor do Têxtil e Vestuário (STV) em Portugal aumentou a sua capacidade de reporte e aprofundou indicadores de sustentabilidade, segundo o terceiro Relatório de Sustentabilidade do projeto be@t, divulgado pelo CITEVE e apoiado pelo PRR.

O documento revela uma participação crescente de empresas e sinais de maior maturidade na leitura estratégica dos dados ESG.

No terceiro ano de reporte participaram 105 empresas — um aumento de 36% face ao primeiro relatório — representando mais de 15.800 postos de trabalho.

O número de certificações ambientais subiu 13%, para 2.526 certificados, valor que o relatório considera representativo de uma amostra cujo total real de certificações será significativamente superior.

Em matéria ambiental, o setor registou melhorias: o consumo total de combustíveis renováveis e não renováveis caiu cerca de 6%, apesar de mais empresas terem começado a reportar esse indicador (mais 6%).

A incorporação de materiais reciclados subiu 3%, passando a representar mais de 11% dos materiais utilizados, e os materiais de origem orgânica ou biológica aumentaram cerca de 4%, alcançando cerca de 25%.

Quanto à gestão química, 68% das empresas reportaram redução do consumo de produtos químicos — um acréscimo de quatro pontos face a 2023 — e 79% investiram em substituição por produtos menos nocivos (mais seis pontos). O número de empresas que reportam práticas de química segura também cresceu, situando‑se em 90% e 88% conforme os indicadores referidos.

“O que este terceiro Relatório de Sustentabilidade evidencia é claro: mais empresas a reportar, mais métricas, mais transparência, mais maturidade”, afirma o diretor‑geral do CITEVE.

Braz Costa acrescenta ainda que “o setor já não olha para a sustentabilidade como um instrumento ativo de posicionamento comercial, mas como infraestrutura crítica de competitividade”.

Os avanços em sustentabilidade surgem num contexto económico mais complexo: as exportações do STV diminuíram 3% em 2024, totalizando 5.576 milhões de euros — uma queda de 189 milhões face a 2023 — afetadas pela instabilidade geopolítica, contração da procura internacional e tensões nos mercados europeus.

Ainda assim, o relatório sublinha que a progressão nas práticas ESG contribui para a resiliência industrial.

O documento realça também o papel estratégico da bioeconomia para o setor, apontando‑a como ferramenta para reduzir dependências externas, valorizar recursos locais e cumprir exigências das marcas e da regulação europeia.

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